Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Industria (CNI) sobre os hábitos de consumo dos brasileiros pós pandemia revela que boa parte das pessoas no país manterão o nível de consumo adotado na pandemia.
Algo entre 50% a 72% da amostra pretende manter, após o término das medidas restritivas, o nível de consumo adotado durante o isolamento, o que pode indicar que as pessoas não estão dispostas a retomar o mesmo patamar de compras anterior à pandemia de coronavírus, de acordo com a CNI.
De cada quatro brasileiros, três disseram que reduziram seus gastos após o início das medidas de distanciamento social. O impacto na renda e o medo do desemprego levaram 77% dos consumidores a reduzirem, durante este atual período de isolamento social na maioria dos estados brasileiros, o consumo dos produtos testados.
O estudo investigou 15 setores, sendo que apenas as cestas de produtos de limpeza (68%), produtos de higiene pessoal (56%) e alimentos comprados em supermercados (49%) registraram aumento no consumo.
Do outro lado, as maiores reduções nas compras ocorreram nas categorias de calçados (40%), roupas (37%), cosméticos (32%) e móveis (31%).
Já 42% dos entrevistados justificam a redução de seus gastos pela insegurança quanto ao futuro, 30% por ter perdido ao menos parte da renda e 26% devido ao isolamento em si.
Apenas 23% dos entrevistados não reduziram em nada suas compras, na comparação com os hábitos anterior à pandemia. Dos que fizeram alterações na sua rotina de consumo, 60% afirmaram que a redução é temporária, enquanto 29 % confirmam que adotarão essa postura no futuro.
Pós quarentena
Em relação ao período pós isolamento social, o estudo mostra um aumento da procura no curto prazo (até 3 meses) de roupas (34%) e calçados (31%), produtos que tiveram as vendas mais impactadas negativamente durante a quarentena, dos 11 itens testados durante as entrevistas.
Nas projeções que leva em consideração o período de até um ano após o fim das medidas restritivas, além de roupas (70% das pessoas pretendem comprar nesse prazo) e calçados (66%), despontam móveis (28%), celulares (27%), eletroeletrônicos (23%) e eletrodomésticos (23%), todos acima do patamar de 20% de intenção de compra em até um ano.
Dívidas e medo
A pesquisa aponta que mais da metade da população brasileira encontra-se endividada. Dos brasileiros, 53% estão com contas atrasadas – o percentual é a soma dos 38% que já estavam endividados antes da pandemia e os 15% que contraíram dívidas nos últimos 40 dias, período que coincide com o início do isolamento social.
Destes, 40% afirmam que já estão com algum pagamento em atraso e 57% passou a atrasar suas parcelas nos últimos 40 dias.
O estudo ainda revela outros efeitos da pandemia de coronavírus na vida dos brasileiros. 9 em cada 10 entrevistados, 88% da amostra, consideram grandes os impactos da pandemia de coronavírus na economia brasileira.
Setenta e sete por cento dos pesquisados dizem ter medo de perder o emprego, sendo 44% destes alertaram possuir muito medo. Outro dado preocupante apontado pela pesquisa é sobre a renda mensal do brasileiro, apenas 36 % das pessoas dizem que continuarão recebendo normalmente seu salário ou renda mensal.
Já ficaram sem renda 23% dos entrevistados, enquanto outros 17% tiveram redução parciais nos seus rendimentos mensais – o que significa que 4 em cada 10 brasileiros acima de 16 anos perderam poder de compra desde o início da pandemia.
Realizado pelo Instituto FSB Pesquisa, o estudo entrevistou por telefone, entre os dias 2 e 4 de maio, cerca 2.005 pessoas com idade a partir de 16 anos, nos 26 estados e Distrito Federal. A margem de erro no total da amostra é de 2 p.p, com intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Newtrade