Agravamento da crise sanitária e fim do auxílio emergencial estão entre os fatores deste cenário
O Índice Nacional de Confiança (INC) de março, pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) junto à Behup, caiu cinco pontos em março, se comparado com fevereiro, atingindo 76 pontos. O dado é o pior registrado desde o início da pandemia. Duas regiões brasileiras chamam a atenção pelo pessimismo: Nordeste, com 69 pontos; e o Sul, com queda de 8 pontos, chegando aos 70 pontos. A pesquisa ainda revela que no Centro-oeste a queda na confiança foi ainda mais brusca, de 13 pontos, saindo do campo otimista – acima de 100 – para o pessimista – abaixo de 100. A variação do indicador é de 0 e 200 pontos. Os pesquisadores ouviram neste mês 1.500 pessoas de todas as regiões do país.
O agravamento das crises econômica e sanitária provocadas pela propagação das novas variantes do novo coronavírus somadas ao fim do auxílio emergencial e às implementações das medidas restritivas para o comércio, bares, restaurantes e de mobilidade urbana são os fatores que influenciaram nesta queda de confiança. “Só a vacinação em massa e o retorno gradativo ao trabalho da população poderá reverter este quadro”, afirma Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Hoje, a tendência é de piora da confiança do consumidor para os próximos meses”, complementou.
Em janeiro do ano passado, quando não se tinha ainda a notícia de que havia grande número de contágios provocado pelo novo coronavírus no Brasil, a confiança estava em 100 pontos. Logo em seguida, este índice mais otimista foi caindo até maio e junho de 2020, meses que já registravam 77 pontos. Depois, começou a subir um pouco mais até outubro, época em que chegou a 87 pontos, até começar a cair lentamente. “Naquele instante havia menos medidas restritivas à economia e a sensação de que o contágio da doença estava um pouco mais controlado no país; à medida que as restrições chegavam, a confiança diminuía, mas nada que causasse um grande pessimismo no consumidor”, analisou.
O INC mede a confiança e a segurança do brasileiro em relação à sua situação financeira ao longo do tempo e indica a percepção do estado da economia para a população em geral. Além disso, também visa a prever o comportamento do consumidor no mercado. Os dados foram coletados em todas as classes sociais.
De acordo com a pesquisa, 54% dos consumidores entrevistados enxergam que sua situação financeira está ruim ou péssima, 6% a mais que em fevereiro. Do número total, apenas 25% dos brasileiros se veem bem financeiramente, 4% a menos que no mês passado. Do total, 61% acham que o Brasil está caminhando para a direção errada.
Do universo de entrevistados, 65% perdeu o emprego ou conhece alguém que ficou desempregado nos últimos seis meses e 49% acha que tem grandes chances de isso acontecer daqui para frente, por causa da economia. Opiniões mais globais feitas em cima deste assunto são ainda mais alarmantes. É que 72% acreditam que o desemprego vai aumentar no Brasil a partir de agora. Este número subiu 11% em relação a fevereiro.