"A crise nos fez bem, com certeza", afirma Eugênio de Zagottis, vice-presidente comercial da Droga Raia, a quinta maior rede de drogarias do país. Em setembro, quando a turbulência financeira internacional inviabilizou o projeto da varejista de abrir o capital e captar recursos na Bovespa, a Raia vendeu 30% de seu capital a dois investidores financeiros, os fundos Gávea e Pragma Patrimônio. O negócio foi fechado alguns dias depois da quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos.
Os fundos de investimentos não colocaram executivos diretamente na gestão da Raia, que ainda é administrada pelas famílias controladoras, mas gestores indicados por eles passaram a aconselhar a empresa em algumas decisões, sobretudo na área financeira.
Nas reuniões do conselho de administração da rede de drogarias, quem representa o Gávea é Piero Minardi, enquanto a Pragma nomeou Eduardo Guardia. Os suplentes desse dois executivos, Henrique Muramotu e Fernando Musa, também integram os comitês de gestão da varejista para as áreas financeira, operacional e de recursos humanos.
Segundo Zagottis, a experiência trazida pelos fundos de investimento levou a Raia a implementar uma maior disciplina de gestão e a melhorar os seus processos orçamentários e de estruturação financeira. "Nas empresas familiares, as decisões acabam sendo tomadas mais rapidamente, sem passar por um processo de formalização", afirma o executivo, para quem disciplina e governança são os dois principais aprendizados trazidos pelos fundos.
Os projetos de abrir o capital estão suspensos. Segundo Zagottis, a empresa prefere amadurecer o atual processo, iniciado com a entrada dos dois sócios.
Em fevereiro, a Raia abriu um novo centro de distribuição, no qual foram investidos R$ 25 milhões, e foi desenhado para abastecer até 600 lojas. Com 111 filiais atualmente, a rede ainda está longe dessa meta.
Mas a varejista vem apresentando forte taxa de crescimento. Após elevar em 38,5% seu faturamento em 2008, prevê expandir-se 35% este ano. Segundo Zagottis, foram abertas 63 lojas no ano passado, que estão em fase maturação. Para este ano, a expectativa é inaugurar entre 30 e 40 unidades. Desse total, 25 estão contratadas. A empresa também investiu em um novo conceito de lojas em São Paulo, com concepções modernas de varejo, que servirá de modelo para a rede.
Veículo: Valor Econômico