Crédito escasso prejudicou empresas no 1º semestre .
Após acumular queda de aproximadamente 20% nos negócios entre janeiro e maio, contra igual intervalo de 2008, o setor de confecções de Minas Gerais começou a sentir neste mês os primeiros sinais de reaquecimento, depois de passar pela pior parte da crise financeira. Mesmo com a retomada, as vendas em baixa até maio e a forte burocracia, que impede o acesso aos recursos disponíveis nos bancos, deram o tom das previsões para o ano, que deve fechar com redução de até 15% no faturamento das empresas, ante o último exercício.
Conforme o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário no Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), Michel Abourachid, o crédito nunca deixou de existir no mercado. Já o acesso aos recursos ficou bem mais complicado com a crise, o que dificultou ainda mais a atividade das empresas.
"No entanto, nós (setor de confecções) precisamos sempre das vendas. Mesmo com a falta de crédito no mercado, o segmento não deixaria de se expandir. O que realmente prejudicou as empresas foi o encolhimento drástico das encomendas, sobretudo entre março e abril", explicou Abourachid.
As vendas no primeiro semestre, mesmo com a recuperação sentida no começo de junho, poderão fechar com redução de 30% em relação a igual período de 2008. O sindicato está estudando ainda medidas para reduzir a jornada de trabalho.
Uniformes - Para Abourachid, a indústria de uniformes seria a mais prejudicada, com recuo de até 50% dos negócios no primeiro semestre deste ano contra o mesmo período de 2008.
As demissões em massa de grandes indústrias mineiras, como nos setores de siderurgia e mineração, principais clientes do segmento, teriam derrubado a demanda pelos produtos. Em relação ao vestuário básico, a queda deve ser de 15% a 20% nos primeiros seis meses deste ano, ante o mesmo intervalo de 2008.
Além disso, de acordo com ele, as linhas de financiamento para o setor continuaram disponíveis no período da crise econômica. "O problema é que 98% da indústria de confecções são formados por micro e pequenas empresas (MPEs), que esbarram na burocracia dos bancos estatais para conseguir empréstimos e acabam desistindo ou partindo para instituições financeira privadas", explicou Abourachid.
As grandes empresas de confecções são mais capitalizadas e quando precisam têm acesso rápido aos financiamentos oferecidos por instituições financeiras estatais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
No Estado são cerca de 5 mil empresas do ramo, sendo que a maioria (MPEs) toma entre R$ 10 mil e R$ 50 mil com as instituições, optando pelas facilidades de acesso dos bancos privados. O alto nível de informalidade e os excessivos custos operacionais exigidos pelo mercado também são dificuldades comuns enfrentadas pelas MPEs do Estado.
Veículo: Diário do Comércio - MG