As redes de restaurantes estão sendo gradativamente obrigadas a dizer aos seus clientes em que medida seus alimentos engordam. Em 1º. de julho, a Califórnia se tornou o mais recente Estado americano a impor rotulagem de calorias. Agora um projeto de lei com amplo apoio no Congresso dos Estados Unidos deverá obrigar redes com 20 ou mais pontos de vendas a indicar as calorias em cardápios por todo o país.
Em vez de esperar para ser obrigada a dar transparência calórica, a Yum! Brands a está adotando. A companhia de Louisville, proprietária da KFC, Taco Bell, Pizza Hut, Long John Silvers e A&W, comprometeu-se a indicar as quantidades de calorias nos seus 3.163 estabelecimentos próprios em nível nacional até 2011 e está estimulando seus 16.561 pontos de venda franqueados e licenciados nos EUA a fazerem o mesmo. A Yum também está ajudando a liderar uma iniciativa de grupos de pressão em Washington e estender qualquer lei federal a restaurantes independentes. "Os consumidores deveriam ter condições de tomar decisões de compra com base na informação sobre o alimento que ingerem", disse o executivo-chefe da Yum, David C. Novak.
Os rótulos de calorias obrigatórios permanecem polêmicos. A Associação Nacional dos Restaurantes diz que o cálculo das calorias pode ser caro demais para donos de pequenos restaurantes. Para o porta-voz da Wendy´s, Denny Lyn, "ele não ajuda os consumidores; ele simplesmente coloca um número em destaque no quadro". Burger King e McDonald´s recusaram-se a tecer comentários sobre o projeto de lei da rotulagem. O porta-voz da Subway, Les Winograd, diz que a rede de sanduíches apoia uma legislação federal que suprimiria uma intrincada colcha de retalhos de leis locais. E a Yum não tem planos para indicar a quantidade de calorias nos seus aproximadamente 17 mil pontos de venda fora dos Estados Unidos. O porta-voz Jonathan Blum diz que a Yum quer "medir a reação dos consumidores" antes.
Defensores de sistemas saudáveis dizem que as redes de fast-food teriam preferido reagir às crescentes taxas de obesidade oferecendo alimentos mais saudáveis a terem de anunciar quantidades de calorias. A Yum está fazendo ambos. O grupo com faturamento de US$ 11,3 bilhões ao ano tem feito lançamentos, incluindo, em abril, o frango grelhado Kentucky (180 calorias, contra 490 da versão extra-crocante). "Uma das mais principais barreiras ao crescimento do KFC foi saúde", diz Blum, que chega ao ponto de considerar o frango grelhado "o lançamento isolado de produto de maior impacto na história da companhia".
O objetivo das propostas federais, que integram os projetos de lei de reforma do sistema de saúde que tramitam no Congresso, é convencer os consumidores a fazer melhores escolhas. "Há um valor de choque", diz Bob Goldin, vice-presidente executivo da consultoria Technomic. Num levantamento conduzido pela firma na cidade de Nova York, que aprovou leis de rotulagem há um ano, 80% dos consumidores que viram o cálculo das calorias disseram que as quantidades estavam acima do que esperavam. Além disso, 60% disseram que as indicações influenciaram, de uma forma ou de outra, a escolha do lugar onde comiam.
Veículo: Valor Econômico