O presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Ronaldo Sant'ana Alvim, negou ontem que os produtores de leite sejam os responsáveis pela alta do preço do produto dos últimos meses, que chegou a superar os R$ 3 em alguns estados. Ao participar de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara, Alvim disse que o preço pago aos produtores corresponde apenas a cerca entre 1,9% e 2,2% do valor repassado aos consumidores.
"Quando ocorrem os picos nos preços do leite longa vida na gôndula do supermercado, os produtores nunca participam disso. A relação que existe normal de preço da indústria, vendendo para o varejo em relação ao que o produtor, é remunerado entre 1,9% a 2,2%", afirmou. "Ou seja, o preço que a indústria está vendendo para o atacado é em torno de duas vezes mais do que o valor pago pela matéria-prima ao produtor", acrescentou. Para Alvim, a culpa pela alta do preço do leite é da indústria de processamento, do monopólio da fabricação das embalagens de leite longa vida e também dos supermercados. Ele também criticou o governo, que teria autorizado a importação de leite de países do Mercosul, como Uruguai e Argentina, a preços abaixo dos vigentes no mercado brasileiro.
Já o setor varejista alega que os problemas climáticos nas regiões Sul e Norte e o valor da embalagem do leite longa vida são os responsáveis pelo aumento do preço do leite ao consumidor. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) Sussumu Honda, afirmou que os supermercados não ganham dinheiro com a venda de produtos lácteos e que o lucro do varejo com a venda de derivados do leite não superou a média de 15%.
Formação de preços
Deputados da Comissão de Agricultura da Câmara podem recorrer a órgãos como o Ministério Público Federal para investigar a formação do preço do leite no País. Na terça-feira, o colegiado realizou audiência pública para discutir por que o valor cobrado pelo alimento sobe tanto no decorrer da cadeia produtiva - que começa no produtor rural, passa pela indústria de laticínios e chega aos supermercados.
Veículo: DCI