Michael Steen, Financial Times, de Amsterdã
A rede varejista holandesa Ahold anunciou lucro trimestral acima das expectativas e informou, ontem, estar preparada para "agarrar oportunidades" de aquisição, uma vez que a recessão provoca mais ondas de fusões no setor de supermercados.
O grupo, que obtém 60% de sua receita nos Estados Unidos, divulgou lucro líquido de € 195 milhões, no segundo trimestre, em comparação aos € 338 milhões registrados no mesmo período de 2008, quando contabilizou ganho com a venda de sua participação na Schuitema, outra rede de supermercados holandesa. O lucro antes de juros e impostos subiu 26%, para € 295 milhões, acima das previsões dos analistas. As ações da Ahold fecharam ontem em alta de 3,95%, cotadas a 8,468.
"Em uma recessão, quem é forte fica relativamente mais forte e quem é fraco fica relativamente mais fraco", disse o CEO da empresa, John Rishton. "Somos um dos mais fortes e agarraremos as oportunidades que, inevitavelmente, surgirão neste tipo de mercado."
Essas oportunidades poderiam incluir concorrentes decidindo vender lojas em separado ou todas suas operações. "Estou convencido de que haverá um pouco mais de consolidações em nosso setor e estamos bem posicionados para aproveitar isso", afirmou Rishton.
O endividamento líquido da empresa, de € 1,2 bilhão, é 20% do que era há cinco anos, quando acionistas ativistas, que pressionam por mudanças estratégicas para elevar as ações, defendiam o desmembramento do grupo com a separação das operações nos EUA das que estão na Europa. Desde então, a Ahold vendeu algumas de suas atividades nos EUA e conseguiu margens de lucro muito maiores em suas redes no país, Stop&Shop, Giant-Landover e Giant-Carlisle.
Rishton reiterou que as lojas da Ahold nos EUA não "descansarão sobre os louros" e afirmou que a Stop&Shop e a Giant-Landover anunciarão uma campanha de marketing na próxima semana.
Embora o grupo procure aproveitar ideias de sua rede de supermercados holandesa Albert Heijn para usá-las nos EUA, Rishton desacou que a Ahold não segue uma estratégia única para manter a competitividade em todos os mercados durante a recessão.
"Reagimos em cada bandeira individualmente, porque as condições de mercado, mesmo dentro dos EUA, são diferentes", afirmou o executivo. "As condições de mercado na Pensilvânia são diferentes das de Washington e de Baltimore, que são diferentes das de Nova York e de New England." O executivo também observou que o grupo está encaminhado para atingir sua projeção de economizar € 500 milhões em custos até o fim do ano e que, antes disso, anunciará as próximas metas.
Veículo: Valor Econômico