Há dez dias, a cidade de São Paulo registrou umidade igual à do deserto do Saara. Na data, foi registrado o menor índice de umidade relativa do ar desde o início da medição pelo Instituto Nacional de Meteorologia em 1963: apenas 10% (o limite mínimo recomendado é de 70%). De lá para cá, já choveu, fez frio, sol. Todas essas instabilidades meteorológicas - e também a gripe suína - têm colaborado para as vendas de uma categoria de produtos relativamente nova no mercado: a de purificadores e umidificadores de ar.
"Nossa expectativa é vender pelo menos 10% mais que no ano passado", diz o gerente comercial da NS Indústria de Aparelhos Médicos, Mauricio Parizi, que não revela seu faturamento. A empresa, fundada em 1969, foi uma das primeira a vender inaladores portáteis domésticos no país. Há oito anos, começou a fabricar e comercializar umidificadores de ar. "Naquela época e por alguns anos, só a NS atuava nessa área. Hoje conheço mais de 15 marcas concorrendo conosco", relata o executivo.
Além disso, há uma grande variedade de produtos para quem quer fugir das hostilidades do clima: vaporizadores com controle ajustável de umidade relativa do ar, com relógio e alarme, em forma de porquinho ou até com "jogo de luzes relaxante". Existe até umidificadores de marca própria de supermercado, como é caso do produto vendido no Carrefour. Os inaladores também seguem essa mesma linha: há o "Inalafante", em forma de elefantinho; o inalador da "Turma da Mônica", em formato de trenzinho; a versão compacta, portátil e sem fio; e os equipados com desligamento automático. Os preços vão de R$ 130 a R$ 400, para inaladores, e de R$ 50 a R$ 220, para umidificadores.
Até o antigo Sterilair está de volta. A empresa que o lançou nos anos 90 chegou a vender 100 mil esterilizadores de ar ao mês e tornou o ácaro um bicho conhecido de boa parte da população. Mas devido a uma desavença entre sócios a Sterilair passou os últimos oito anos no limbo. A produção e comercialização do esterilizador não chegava a mil unidades mensais. Agora, a empresa volta sob o comando de novos sócios investidores (pessoas físicas que preferem não se identificar) e já comercializa de 5 mil a 7 mil aparelhos por mês. "Os anos passaram mas o produto está mais atual do que nunca", afirma Eduardo Ide, diretor da Clover, detentora da marca e da patente do Sterilair, que tem preço sugerido de R$ 229.
Nos Estados Unidos, segundo Ide, esse mercado movimenta de US$ 8 milhões a US$ 10 milhões ao ano. Por aqui, não há estatísticas. Mas a Clover espera, em três anos, vender 20 mil unidades mensalmente. "O mercado está mais concorrido, mas nenhum de nossos rivais tem nossa qualidade. Confiamos nessa eficácia para conquistar nosso espaço", afirma o executivo.
Veículo: Valor Econômico