Setor de plástico fica em alerta com fusão Braskem-Quattor

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A negociação entre Braskem e Quattor, que poderá criar uma nova companhia detentora de quase 100% do mercado de polietileno (PE) e polipropileno (PP) no Brasil deixou o setor de transformadores de plásticos em alerta. A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) afirma que essa união é interessante se o objetivo é dar maior competitividade ao produto nacional. Mas se a intenção for apenas a de criar um monopólio, a entidade poderá tomar as medidas legais como acionar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para defender as empresas da única fornecedora da matéria-prima brasileira. Outro ponto que chama a atenção do mercado é o endividamento da "nova" empresa, que segundo analistas chegaria a R$ 12 bilhões.

 

Na opinião do presidente da entidade, Merheg Cachum, se essa união realmente se consolidar, o Brasil será forte ao produzir um volume maior, mas que se não houver melhores condições de competitividade o setor de transformação de plásticos terá dois caminhos, o de importar mais (somente da Dow da Argentina foram trazidas 250 mil toneladas ano passado), ou então, demitir os cerca de 315 mil trabalhadores que o setor emprega atualmente em decorrência da falta de preços para enfrentar a concorrência chinesa, indiana e coreana, no mercado doméstico. "Queremos ser otimistas com esse anúncio, pois precisamos de mais competitividade e não a atuação como empresa monopolista", disse o executivo. "Temos que ver se essa união trará melhores condições para nós que somos consumidores melhorarmos a competitividade na transformação do plástico", indicou ele que se não houver essa condição o setor corre o risco de até mesmo fechar as portas.

 

Aparentemente, essa igualdade entre a matéria-prima importada e a nacional ainda está muito longe. Segundo o consultor da Maxiquim, Otávio Carvalho, consultorias internacionais estimam que o custo de produção do eteno no País e em toda a América do Sul é de cerca de US$ 900 por tonelada, mesmo nível encontrado na América do Norte e na Europa, enquanto em regiões como a Arábia Saudita, Iraque e outros do Oriente Médio, esse custo se situa em US$ 150. "Não dá para competir desta forma, é necessário que haja uma política de regionalização do preço do Nafta e não que se utilize a referência da Europa para precificar a matéria-prima da petroquímica porque naquele continente já se deixou de investir em produção e há plantas fechando porque o preço está muito alto", explicou Carvalho.

 

Emergentes

 

Sobre o anúncio das conversas que envolvem o negócio, o consultor disse que foi uma surpresa para o mercado, mas que essa união faria sentido em decorrência dos objetivos que a Braskem estabeleceu, a de ser a maior produtora de petroquímicos das Américas, e das dificuldades que a Quattor vem enfrentando desde sua criação em decorrência da crise que se estabeleceu cerca de dois meses após o acordo que uniu ativos e viabilizou seu surgimento.

 

Mesmo com o domínio quase que total do mercado que estaria para ser criado, Carvalho disse que esse é o desenho que se forma nesse setor em todo o mundo, onde grandes empresas globais com origem em países emergentes - e de preferência integradas a uma empresa de petróleo e com incentivo governamental - tendem a sobressair nesse mercado. "São quatro ou cinco empresas que desafiam gigantes como Dow, que está saindo do mercado de commodities, a Exxon Mobil, Nova Chemicals, Lyondell Basell e Ineos", enumerou Carvalho. "Agora, no Brasil não está sendo diferente, uma vez que a Petrobras tem participação nas duas petroquímicas brasileiras", disse.

 

Apesar das negativas das empresas em afirmar que há um acordo entre elas, Carvalho não acredita que essas tratativas estejam em estágio inicial. Para ele, não é apenas um balão de ensaio, pois de acordo com sua experiência, essas informações só chegam ao mercado quando há estudos adiantados sobre o negócio e que nem o Cade deverá interferir por analisar a cadeia de suprimentos em petroquímica em escala global e não apenas local.

 

As três empresas diretamente envolvidas, Braskem, Quattor e Petrobras, divulgaram comunicados ao mercado informando que não iriam acrescentar comentários ao assunto, mas todas as três admitiram que as conversas de negociações existem por se tratar de uma boa oportunidade de aliança e também de crescimento para as companhias.

 

Veículo: DCI


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