Os preços da borracha deverão subir até 19% até o fim do ano que vem, uma vez que a alta nas vendas de veículos na China eleva a demanda, afirmou à Bloomberg a Marubeni, a maior trading dessa commodity no Japão.
O preço do produto à vista provavelmente ficará entre US$ 1,80 e US$ 2,30 o quilo nos seis meses a partir de 1º de janeiro e entre US$ 2 e US$ 2,50 no segundo semestre de 2010, disse Roka Komiya, trader da divisão de borracha da Marubeni, com sede em Tóquio. A commodity atualmente é comercializada em US$ 2,10 o quilo e poderá recuar para até US$ 1,50 ainda este ano, antes de o preço se recuperar, afirmou ele durante uma entrevista.
Os contratos futuros em Tóquio avançaram 46% este ano, com o abrandamento da recessão e a alta da demanda de empresas como a Bridgestone e a Michelin, as duas maiores produtoras de pneus do mundo. Estados Unidos, Alemanha e Japão também deram incentivos para a compra de novos carros, com o objetivo de salvar a indústria automobilística da crise, a pior de décadas. As vendas de veículos da China, a maior consumidora de borracha natural do mundo, cresceram 71% em julho.
"A demanda chinesa vai continuar a crescer e não vemos nenhum fator negativo", disse Kazutaka Sonomoto, gerente da divisão de borracha da Marubeni. O executivo previu ainda que o número de proprietários de carros na China vai acelerar.
Os contratos futuros da borracha atingiram 214,5 ienes no último dia 31 de agosto - o patamar mais alto para o contrato mais negociado desde 8 de outubro do ano passado.
"Os preços da borracha flutuam muito e as tendências de alta apresentam dificuldades", disse o porta-voz da Bridgestone, Kaoru Tomizawa. A empresa usa hedge de curto e longo prazo para se proteger do efeito das alterações de preço, segundo ele.
As vendas de veículos de passageiros na China tiveram em julho o maior avanço desde janeiro de 2006, segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis. As reduções nos impostos e os subsídios do governo estimularam a demanda no país, que deverá ultrapassar os EUA, tornando-se o maior mercado de automóveis do mundo este ano.
A expectativa é de que a demanda por borracha natural da China aumente em cerca de 100 mil toneladas, para 2 milhões de toneladas apenas este ano, o que, se confirmado, representará 20% do consumo mundial, disse Komiya. A produção interna pode chegar a 600 mil toneladas, acrescentou ele.
O país vai depender, cada vez mais, das importações para atender a crescente demanda, por causa da escassez de terra adequada para aumentar a produção interna, segundo Komiya.
Veículo: Valor Econômico