Vendas da Tetra Pak resistem bem à crise

Leia em 4min

A Tetra Pak, uma das maiores empresas de embalagens assépticas do mundo, espera alcançar vendas de 10 bilhões de embalagens neste ano no Brasil, o que representará crescimento de 3,1% sobre o ano passado, segundo o presidente da companhia, Paulo Nigro. Antes da crise, a estimativa era de um número entre 4% e 5%. "A diferença é pequena; estamos dentro do planejado. A Tetra Pak não aceitou a crise, mas naturalmente houve diferença no mix de vendas. As embalagens ficaram menores e mais econômicas para se adequarem ao consumo", afirmou o executivo, após participar, em São Paulo, do encontro do Lide Sustentabilidade, braço ambiental da associação Grupo de Líderes Empresariais - Lide.

 

Segundo o executivo, em termos de receita, a Tetra Pak deverá crescer 5% este ano, para R$ 3,33 bilhões. Nigro, que também é vice-presidente da companhia para a América do Sul e Central, falou a empresários sobre as iniciativas da Tetra Pak na área de responsabilidade ambiental e confirmou que a empresa trabalha no desenvolvimento de uma embalagem biodegradável, embora ainda sem escala industrial para tornar o projeto economicamente viável. "Enquanto não encontramos esse ponto de equilíbrio, utilizamos as matérias-primas de fontes renováveis, como o papel de florestas certificadas". Além disso, 26,7% das embalagens que vão para consumo da Tetra Pak são recicladas.

 

A meta, disse Nigro, é chegar a 50% até 2012. As embalagens da Tetra Pak são utilizadas por cooperativas para fazer papéis, canetas e até telhas. A empresa investe por ano cerca de R$ 7 milhões em iniciativas ambientais, como a rota da reciclagem - site que localiza as cooperativas de catadores, as empresas comercias que compram materiais recicláveis e os pontos de entrega voluntária que recebem embalagens da Tetra Pak. De acordo com ele, 53 mil toneladas de embalagens da Tetra Pak foram recicladas no ano passado, gerando riqueza de cerca de R$ 100 milhões. "Uma embalagem da Tetra Pak que vai para debaixo da terra significa o mesmo que enterrar dinheiro", disse.

 

Segundo Nigro, 55% do que é consumido no Brasil e gera resíduos vão para os lixões a céu aberto, 39% para aterro sanitários e apenas 6% para reciclagem. "Diariamente 150 mil toneladas de resíduos sólidos vão para o lixo. Isso é uma mina de dinheiro que precisa ser garimpado", afirmou. Para o executivo, o que falta para a exploração dessa mina no Brasil é a educação ambiental, além de infraestrutura e de políticas públicas. "Esse tema finalmente virou moda e temos que surfar nessa onda. Hoje, a quinta maior preocupação global é com a poluição, atrás de recessão e desemprego, inflação, crime e estabilidade financeira. O momento é para ser otimista".

 

Também presente ao evento, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS/SP), coordenador do Grupo de Trabalho Parlamentar sobre Resíduos Sólidos, afirmou que, após 18 anos e 150 projetos sobre resíduos sólidos, uma política nacional única acerca do assunto deverá ser levada ao Congresso Nacional no mês que vem. Nesse documento, disse, existem medidas indutoras para a reciclagem, como linhas de financiamento governamentais. Embora favorável à legislação, o copresidente do Conselho de Administração da Natura, Pedro Passos, também presente ao Lide Sustentabilidade, afirmou que a lei deveria ser mais rígida e onerar a cadeia produtiva para não postergar a solução do problema.

 

Sustentabilidade. Para o deputado Arnaldo Jardim, ainda existe muita resistência do setor produtivo às punições e que uma lei só existe se ela ganhar aderência da sociedade. Outro empresário presente ao evento, o presidente da Vivo, Roberto Lima, afirmou que a valorização do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores seria um grande incentivo para as empresas que praticam a responsabilidade ambiental possam ser premiadas através da valorização de suas ações. "O mercado funciona assim: se não se refletir no valor da empresa uma má prática ambiental, essa problemática não terá solução", disse. De acordo com Lima, a Vivo tem 3,4 mil pontos de coleta de aparelhos celulares.

 

Na avaliação de Paulo Nigro, uma política nacional de resíduos sólidos no País poderá ser realidade dentro de sete anos a dez anos. "O tempo vai depender do quanto a cadeia se engajar. No Canadá, o governo aprovou lei para que em cinco anos 50% dos resíduos sólidos fossem para aterro sanitário e o objetivo foi alcançado um ano antes. Para isso é preciso ter metas claras", afirmou. Os empresários do Lide aprovaram um manifesto pela aprovação da política nacional de resíduos sólidos, que será encaminhado ao Congresso Nacional. "Não queremos fazer evento por evento e sim um movimento, que vai ter continuidade", afirmou o presidente do Lide Sustentabilidade, Roberto Klabin.

 


Veículo: Jornal do Commercio - RJ


Veja também

Prejuízo do Ponto Frio dispara e atinge R$ 278 mi no 2º trimestre

Os resultados operacionais do Ponto Frio, adquirido em junho pelo Grupo Pão de Açúcar, apontaram um...

Veja mais
A diversão da Hypermarcas

A Hypermarcas está com as mãos no universo Disney. Na terça-feira 8, a companhia acertou as bases p...

Veja mais
Nova fronteira

O Walmart fechou uma parceria com a rede de postos Ale. Irá instalar lojas em todos os 1,7 mil postos da rede, no...

Veja mais
Produto importado avança no comércio

Com real valorizado e alta da renda no país, compras do exterior retomam força e chegam a dobrar em alguma...

Veja mais
Cesta básica

No primeiro semestre, as classes D e E registraram um aumento de 17% no volume de compras de bens não durá...

Veja mais
Chuva afeta safra de trigo

Água em excesso provocará perda de aproximadamente 20% da próxima colheita. Preços do p&atil...

Veja mais
Lista de compras verde: consumidor quer, mas o preço...

Encher o carrinho só com produtos que não agridem o meio ambiente pode sair até 184% mais caro. Mes...

Veja mais
Docile investe 1,5 milhão de Euros em lançamento

  A Docile, maior produtora nacional de pastilhas e a segunda do ranking na fabricação de balas de g...

Veja mais
Socorro para produtor e cooperativas de leite

Políticas: MDA vai usar R$ 50 milhões para enxugar a oferta; produto em pó abastecerá cestas...

Veja mais