Amazon, de livros a tábua de cortar

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A Amazon.com Inc. começou a expandir discretamente sua oferta de produtos de marca própria, numa tentativa de diversificar-se de suas raízes como loja online de livros e ficar mais parecida com um varejista genérico.

 

No sinal mais recente disso, a gigante americana do comércio eletrônico, sediada em Seattle - e conhecida por inovações tecnológicas como a compra com um único clique e o leitor de livros eletrônicos Kindle -, anunciou ontem uma linha batizada de AmazonBasics, que oferece componentes eletrônicos como cabos e DVDs e CDs virgens.

 

Os esforços da empresa chegam também à cozinha. Ela registrou no mês passado a patente americana de uma tábua de cortar, de sua linha de produtos Pinzon. Feita com bambu, a tábua é vendida por US$ 24,99 como parte de uma linha própria da Amazon de utensílios para a cozinha. Ela tem duas superfícies, uma plana e outra curvada. Uma faca curvada, projetada para picar ervas, fica guardada dentro da tábua.

 

Em junho a Amazon lançou uma nova coleção de utensílios de marca própria, desenhada pelo chefe de Seattle Tom Douglas e vendida com o nome dele.

 

A Amazon não revela se tem outros pedidos de patente, mas afirma que sempre está avaliando oportunidades de registrar as criações que desenvolve para seus produtos de marca própria.

 

A Amazon também não informa qual porcentagem de sua receita anual de US$ 19 bilhões vem dos negócios de marca própria, mas ela já vende mais de 1.000 produtos fabricados exclusivamente para ela. Embora seja apenas uma fração dos milhões de produtos disponíveis no site, eles ressaltam como a empresa avançou para além de livros, CDs e DVDs. Pela primeira vez, as vendas norte-americanas de "mercadorias gerais" - que incluem desde mobílias para ambientes externos a televisores - foram, no segundo trimestre, maiores do que as de produtos como livros, filmes e videogames.

 

A empresa agora tem sua própria equipe de design e de compras, embora a fabricação em si seja terceirizada.

 

Chris Nielsen, o diretor de venda de produtos para casa e jardim da Amazon, diz que a empresa desenvolveu produtos de marca própria quando percebeu que as necessidades dos consumidores não eram atendidas pelo resto de seu catálogo.

 

Nielsen diz que o desenvolvimento de produtos de marca própria demandou que a empresa aprendesse várias habilidades, como administrar controle de qualidade e atender a regulamentações de segurança de produtos. Mas a resposta dos consumidores na internet, que costumam escrever suas opiniões sobre os produtos, ajuda a empresa a fazer melhorias. A Amazon aumentou seu primeiro produto de marca própria - uma otomana - depois que os consumidores disseram que não era confortável para pessoas altas.

 

Kerry Morris, gerente de desenvolvimento de produtos de marca própria, diz que já obteve comentários úteis sobre a tábua para cortar.

 

A Amazon lançou a primeira marca própria em 2004, com uma linha de móveis para ambientes externos chamada Strathwood, e lentamente se expandiu para produtos para cama, mesa e banho com a marca Pinzon, em homenagem ao explorador que descobriu o Rio Amazonas.

 

A empresa não revela qual é a margem de lucro de seus produtos de marca própria, mas está claro que o esforço não valeria a pena se não fosse pela economia de escala que ela consegue.

 

Ben Schachter, analista da Broadpoint AmTech, diz que as marcas da Amazon estão em estágio inicial e ainda não acrescentam muito às vendas da empresa. Mas a "Amazon tende a pensar num prazo bem longo", diz.

 

As marcas próprias são populares entre varejistas tradicionais porque podem propiciar uma margem de lucro maior ao eliminar intermediários. Mas varejistas online têm demorado mais para adotá-las, porque não têm experiência com projeto de produtos, entre outras coisas.

 

A estratégia tem seus percalços. Em particular, os produtos da própria Amazon podem conflitar com os de comerciantes que a empresa já hospeda em seu site.

 

A Amazon informa que muitos dos produtos de marcas próprias que oferece vêm de fornecedores que também vendem produtos de marca no site. "Eles veem isso como uma extensão natural de seus modelos de negócios", afirma a empresa.
 


Veículo: Valor Econômico


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