Cacau sobe e indica tempos amargos para 'chocólatras'

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Commodities: Costa do Marfim pode produzir menos, e consumo vai crescer

 

As cotações do cacau chegaram a atingir ontem o maior patamar em 24 anos na bolsa de Londres, em razão de previsões de que o consumo global deverá superar a produção no ano-safra que começará no mês que vem. O cenário ampliou a preocupação de que o mercado pode estar entrando em seu pior período de escassez do produto em 40 anos.

 

A escalada dos preços, que tende a encarecer o chocolate, acontece em um momento sensível para a multinacional britânica Cadbury, que tenta provar sua viabilidade como uma companhia independente depois de ter rejeitado uma oferta hostil apresentada pela americana Kraft Foods.

 
 
A Kraft alegou que pode gerenciar com mais facilidade o efeito da alta dos preços do cacau por ser uma empresa de porte maior, com vendas anuais da ordem de US$ 43 bilhões, ante os US$ 5,4 bilhões da Cadbury. Para a Kraft, estima-se que o custo do cacau represente 1,5% das vendas totais; no caso da Cadbury, de acordo com o Morgan Stanley, o peso chega a 10%.

 

"Qualquer mudança de preços da commodity é menos marcante para a Kraft", informou ontem o grupo americano. Traders afirmam, porém, que a Kraft recorre menos a ferramentas de hedge em suas transações com a matéria-prima do que a Cadbury, o que torna a companhia americana mais vulnerável a altas de preços no curto prazo. Ambas as empresas preferem não detalhar suas respectivas políticas de hedge.

 

Andrew Bonfield, principal executivo financeiro da Cadbury, afirmou na semana passada, em uma conferência com investidores, que, se as cotações do cacau permanecerem nos níveis atuais, "não haverá escolha a não ser aumentar o preço do chocolate em alguns mercados ao redor do mundo".

 

O mercado "altista" para o cacau tem sua raiz na Costa do Marfim, que responde por 40% das entregas mundiais da commodity. Após uma pobre colheita na última temporada, traders temem que as envelhecidas árvores do país africano rendam ainda menos em 2009/10, apesar do clima favorável. Os traders também dizem que o fenômeno El Niño pode prejudicar a produção na Indonésia, terceiro maior país produtor de cacau, e no Equador, sétimo no ranking.

 

Ao mesmo tempo, a demanda deverá voltar a aumentar, entre 1,5% e 3%, em 2009/10, depois de uma baixa de 6% na safra 2008/09. Com isso, será criado um déficit no mercado pela quarta temporada consecutiva, o período mais longo desde o intervalo entre 1965 e 1969. "Os chocólatras ficarão desapontados com tendência", disse Luke Chandler, chefe da área de pesquisas no setor de agronegócios do Rabobank, em Londres.

 

Depois de testar o maior nível em 24 anos no início do pregão, os contratos futuros mais negociados do cacau fecharam a 2.109 libras esterlinas por tonelada ontem na bolsa londrina, com uma pequena queda de 19 libras
 


Veículo: Valor Econômico


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