Após registrar aquecimento da demanda em julho, os atacadistas de Minas Gerais voltaram a apresentar retração em agosto. O setor, que já estaria convivendo com pressões de preços da indústria, não terá espaço para reajustar seus preços até o final do ano, período onde estão concentrados cerca de 55% dos negócios das empresas.
De acordo com informações da Associação dos Atacadistas e Distribuidores do Estado de Minas Gerais (Ademig), a tendência é de estabilidade já que as vendas ainda não teriam atingido um bom resultado.
Em julho, quando o setor mostrou sinais de aquecimento, as perspectivas indicaram que em 2009 o incremento seria de até 15%, baseado no resultado real apurado naquele mês, que teria atingido de 5% a 10% de aumento nos negócios das empresas.
Segundo a Ademig, os pedidos de encomendas para o Natal são iniciados principalmente entre agosto e setembro, fazendo com que os dois meses sejam estratégicos nas vendas e recuperação de preços do exercício.
A entidade não consolidou os dados do setor apurados em agosto, mas para o presidente da Ademig e diretor da Embrasil Atacadista Distribuidor, instalada em Ribeirão das Neves (RMBH), Ronaldo Magalhães, as vendas ainda não estão aquecidas e algumas empresas, após registrarem bons negócios em julho, reclamaram de queda da comercialização no mês passado.
"Ainda é complicado falar nas perspectivas de futuro, mas certamente não teremos espaço para reajustes em termos de preços no setor em 2009", avaliou Magalhães.
As dificuldades deflagradas a partir do começo da crise financeira, em setembro de 2008, ainda não foram superadas, segundo Magalhães. "Algumas indústrias não recuperaram as vendas e a competição no mercado está muito alta, o que também reduz a tendência de aumentar preços no período de maior demanda. Mesmo assim, acreditamos que os negócios para o final do ano poderão dar o impulso inicial para a recuperação total em 2010", ressaltou.
De acordo com a Ademig, até o momento as perspectivas indicam que 2009 no máximo repetirá os níveis de 2008, sendo que apenas no próximo ano os atacadistas deverão apurar crescimento nos resultados.
No final do ano, a demanda deverá ser puxada tradicionalmente pelos setores de bebidas e alimentício, além de materiais de construção, em função dos incentivos governamentais que reduziram e, em alguns casos, isentaram produtos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de acordo com Magalhães.
No caso específico da Embrasil, em função das vendas de materiais de construção, a expectativa otimista aponta para que o resultado previsto para 2009 supere em 10% o exercício anterior.
Conforme o diretor Comercial da Tecidos e Armarinhos Miguel Bartolomeu S/A (Tambasa), situada em Contagem (RMBH), Alberto Portugal, o mercado continua ruim, com muitas oscilações. "Não há espaço para reajustes de preços, que prejudicariam ainda mais as vendas, que continuam nos mesmos níveis do primeiro semestre", afirmou.
Segundo Portugal, em julho houve um crescimento acima do esperado que levou a Tambasa a registrar um faturamento de R$ 96 milhões. No entanto, em agosto, a situação voltou a ficar estável. "As vendas de materiais de construção deram mais fôlego, reforçadas pela redução do IPI, mas sozinhas não são suficientes para alavancar o mercado", disse.
Ainda de acordo com ele, a demanda de final ano, mesmo que puxada por produtos dos setores de bebidas e alimentício, deverá persistir também nos materiais de construção, que ajudariam a alavancar o resultado de 2009. "A Tambasa deverá crescer 10% em 2009 em relação ao ano anterior. Porém, isso está longe do que foi apurado em 2008 sobre 2007, quando o incremento chegou a 22%", avaliou.
Veículo: Diário do Comércio - MG