A ampliação dos negócios voltados à baixa renda por meio da venda porta a porta tornou-se uma das principais plataformas de negócios das fabricantes de alimentos Batavo e Nestlé, que, ao utilizarem o sistema de microdistribuidores, conseguem chegar às regiões onde o abastecimento não atinge 100% de eficácia. O projeto da Batavo, marca da BRF Brasil Foods S.A., avança discretamente na Grande São Paulo e tem como alvo os grandes centros urbanos para crescer.
De acordo com Antônio César Alves Teixeira, gerente regional de vendas da Batavo, a marca trabalha com empresas responsáveis pela distribuição dos produtos, que são vendidos em kits previamente estabelecidos pela companhia. "A empresa interessada em vender os produtos porta a porta contata a área comercial para fazer um cadastro, e, depois de sua aprovação, ela está apta a utilizar este canal", explicou.
A reportagem apurou que, na zona sul paulistana, a empresa está expandindo principalmente nas áreas atendidas pela japonesa Yakult, como os bairros de Campo Limpo e Jardim São Luís, onde a multinacional já tem forte presença com suas revendedoras, que, devido ao longo tempo de convivência, conhecem os clientes pelo nome.
Apesar de existir desde 2001, somente quatro microdistribuidores formam a operação da subsidiária da Brasil Foods, que prefere não detalhar os planos desta divisão de negócios. Teixeira conta que o portfólio é composto por itens lácteos, sendo o maior volume de vendas proveniente das polpas e do iogurte tipo petit-suisse.
Novos mercados
Apenas a área de negócios destinada aos consumidores de baixa renda da Nestlé no País faturou mais de R$ 1 bilhão no ano passado, cifra 15% maior quando comparada à de 2007. Esses resultados levaram a subsidiária da multinacional suíça a levar o sistema porta a porta ao Norte e ao Nordeste este ano: o Estado da Paraíba iniciou as atividades no final do mês passado, com um microdistribuidor no bairro Mangabeira.
Até o final do ano haverá mais quatro distribuidores na região metropolitana, e no mínimo 250 revendedores. Utilizando a marca "Nestlé Até Você", a atividade ostenta 150 empresas distribuidoras e seis mil mulheres das próprias comunidades atuando nas Regiões Sul e Sudeste em três anos de funcionamento.
Alexandre Costa, diretor de Regionalização da fabricante, detalha que o potencial de negócios dirigidos aos consumidores de baixa renda no mundo é forte, pois existem mais de 2,8 bilhões de pessoas com rendimento inferior a US$ 10 diários, cenário que motiva a empresa a criar produtos e estratégias voltados a este público.
Há pouco mais de três meses, a capital pernambucana foi escolhida pela Nestlé como ponto de partida no mercado nordestino. Costa estipula como meta para a região a captação de cerca de 80 distribuidores e quatro mil revendedoras até 2010. Em breve, a empresa chegará ao Centro-Oeste.
Metas
Considerado pela japonesa Yakult um dos principais mercados internacionais, a venda direta no País representa algo em torno de 50% do faturamento. O balanço mundial apontou de que o crescimento nas vendas brasileiras foi 9,7% frente ao do último ano fiscal, totalizando 1,3 milhões de bebidas vendidas diariamente e que o ritmo será maior em 2010. O presidente da subsidiária brasileira, Masahiko Sadakata, declarou anteriormente que tem planos de crescer no Norte e no Nordeste nos próximos anos, o que exigiria novas fábricas para atender a estes mercados.
Uma alternativa para avançar fora das grandes cidades do eixo Sul-Sudeste, onde as pessoas estão morando mais em condomínios e apartamentos, dificultando o trabalho das 6,5 mil vendedoras autônomas. Em 2008, Sadakata, mostrou interesse em fazer testes com produtos no Amazonas, onde ainda não atua. Procurada, a empresa não se manifestou a respeito do assunto.
Mercado
Um termômetro do aquecimento das vendas diretas é o fato de no primeiro semestre o faturamento do setor ter somado R$ 9,5 bilhões, alta de 18,3%. A força de trabalho cresceu quase no mesmo ritmo, com incremento de 17,8% ante igual período de 2008, totalizando 2,221 milhões de profissionais, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd). Para este semestre espera-se que o crescimento de dois dígitos se mantenha.
Veículo: DCI