Chuvas dão novo impulso para a alta do preço do açúcar

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No período em que o déficit global de abastecimento de açúcar deve ser de 10,4 milhões de toneladas no ano comercial que se inicia este mês, os dois principais players desse mercado estão com dificuldade na produção e podem contribuir para a manutenção da curva ascendente da cotação da commodity.

 

Segundo o BancoStandard Chartered, o preço do açúcar pode avançar mais 29% até o final do ano. Ao longo de 2009 o açúcar já avançou mais de 90%.

 

A seca na Índia e o excesso de chuvas no Brasil estão fazendo com que a expectativa de safra fique cada vez menor. Segundo John Reeve, diretor do setor de commodities agrícolas do Standard Chartered, existe uma grande chance de que as cotações de açúcar avancem mais 30 centavos de dólar antes do ano acabar. "Os indianos continuarão a consumir açúcar, não importa o preço que ele estiver", avalia. "O governo, em favor da população pobre da Índia, irá tentar garantir que haja açúcar disponível para todos", informou Reeve. A escalada dos preços do açúcar pode, inclusiva, adentrar o próximo ano. A previsão da Organização Internacional do Açúcar é de que falte 8,4 milhões de toneladas do produto no próximo ano. A safra brasileira também poderá resultar em menos açúcar do que o inicialmente esperado.

 

A produção na Região Centro-Sul do País, a maior lavoura de cana-de-açúcar do mundo, caiu 23%, de 2,39 milhões de toneladas para 1,85 milhões de toneladas, na segunda quinzena de agosto ante o mesmo período do ano anterior, a produção para o período segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

 

"A chuva já atrapalhou a colheita por mais de 30 dias. Com isso a cana perde peso e açúcar", disse Sebastião Felipe da Silva, técnico agrícola da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi). A região foi uma das mais atingidas pelas chuvas no Estado de São Paulo. Segundo ele, a cana está sendo paga por quilo de Açúcar Total Recuperável (ATR), o que tem dado cerca de R$ 40 por tonelada de cana, mas com as últimas chuvas o nível de sacarina tem caído de forma significativa, prejudicando a rentabilidade dos fornecedores e das usinas. "A situação é a mais crítica das últimas safras", avalia.

 

Além da Índia e Brasil apresentarem safras menores, a Austrália, a terceira maior exportadora mundial de açúcar, deve totalizar suas vendas externas em 3,3 milhões de toneladas, 2,2% inferior à do ano-safra anterior.

 

A alta dos preços do açúcar preocupa indústria. Na última semana, os indicadores da Archer Consulting para o açúcar registraram índices médios de 12%. "Isso significa que o mercado anda pesado, mas os preços ainda devem sofrer alteração", avalia Arnaldo Corrêa, gestor de risco da Archer. Corrêa destaca que ainda há espaço para os preços do etanol subirem pelo menos 10% para equilibrar o custo de produção e o custo financeiro.

 

Parceria com a China

 

Em busca de cooperação e troca de informações nas áreas de

 

açúcar e etanol, uma delegação de seis executivos que representam o Conselho Nacional da Indústria Leve da China (CNLIC, na sigla em inglês) visitou nesta semana a sede da Unica em São Paulo. A matriz energética brasileira foi o principal tema do encontro. Para a vice-presidente da CNLIC e líder da delegação, Pan Beilei, o que o Brasil faz hoje em termos de redução de gases de efeito estufa é o que a China gostaria de fazer no futuro.

 

A CNLIC é uma organização que funciona como ponte entre o governo chinês e os empreendedores do país por meio de intercâmbios e cooperação.

 

A China é atualmente a terceira maior produtora de etanol do mundo, atrás dos Estados Unidos e do Brasil. Cinco províncias já utilizam a mistura de 10% de etanol na gasolina (E10), algo que o governo chinês deseja adotar em todo o país dentro de sua estratégia de redução de gases causadores do efeito estufa.

 

Para fortalecer o comércio internacional dos produtos da cana o Brasil também lançou esta semana a Associação de Exportadores de Açúcar e Álcool (Aexa). O grupo formado por exportadores e tradings de açúcar e álcool - Cargill, Coimex, Cosan, Datagro, ED&F Man, S.A. Fluxo e Sucden - para sugerir ao governo novos procedimentos para desburocratizar o comércio exterior destes produtos.

 

Veículo: DCI


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