É tempo de alcachofra

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Município paulista abre mão da utilização de hormônios vegetais e colhe a safra na época certa

 

O inverno chuvoso ajudou e São Roque, na região de Sorocaba (SP), está colhendo uma supersafra de alcachofra. Embora as recentes chuvas intensas tenham causado algum prejuízo, ainda assim a região há muitos anos não tinha produção tão grande da flor. A estimativa é a de que, com os municípios de Piedade e Ibiúna, também produtores, a microrregião de São Roque terá produzido até o fim do ano cerca de 9 milhões de alcachofras. O volume representa 90% da alcachofra produzida no Brasil.

 

Piedade lidera a produção, com 300 hectares - ou 7,5 milhões de flores -, e o cultivo se estende até Ibiúna, com 25 hectares. Os 13 produtores de São Roque, no entanto, procuram manter a tradição do cultivo natural em seus 37 hectares, sem usar estimulantes da floração, como fazem os vizinhos.

 

Assim, as alcachofras - que são flores comestíveis - se tornam prontas para o consumo justamente na primavera. O produtor José Ortmann, de São Roque, evita até embalar os botões com papel jornal, prática utilizada por outros produtores para que a flor adquira a cor arroxeada.

 

É que ele recebe turistas em sua propriedade e acha que a plantação, com as flores todas cobertas, perde o atrativo visual. "Deixo uma parte das flores se abrir para as pessoas verem como são bonitas", diz. Para consumo, a alcachofra deve ser colhida ainda na fase do botão, sem que as pétalas se abram. Ortmann tem uma razão para tratar bem os turistas. Eles visitam seu sítio atraídos pelas iguarias que a mulher do lavrador, Ana Lídia de Camargo Ortmann, prepara com alcachofra e expõe num bem montado ponto de vendas na propriedade, o Sítio Cacique, no Bairro Sorocamirim.

 

PIONEIRA

 

Ela é uma das pioneiras no processamento da alcachofra. Além de toda a produção dos 2.500 pés que o marido cultiva em 1,2 hectare, ela compra a alcachofra dos vizinhos, já que a produção do sítio atende só 20% do consumo de Ana Lídia.

 

Além do fundo e coração da alcachofra em conserva, ela prepara torta, pastel e salgadinhos. A produção é embalada e congelada. Os últimos lançamentos foram o patê e o coração de alcachofra no azeite. Só no processamento, Ana Lídia emprega de 13 a 15 pessoas, todas mulheres. "É um processo artesanal e inteiramente manual", diz. "A flor precisa ser tratada com delicadeza."

 

Ortmann cuida da lavoura. Ele conta que, este ano, por causa das chuvas, a parte vegetativa de cada planta desenvolveu-se muito, soltando dezenas de flores. "Só agora, na colheita, a umidade facilita a instalação de fungos na planta."

 

PERFILHOS

 

A alcachofra produz perfilhos (brotos) à medida que as hastes com os botões são colhidas. Por isso, uma planta produz durante cinco anos. Ele só faz uma intervenção na natureza: em janeiro, aplica o hormônio vegetal no miolo da planta para obter uma nova florada em maio. O trabalho é manual e ele conta com a ajuda do único empregado, Luiz Antonio Domingues. "Os turistas que vêm nessa época querem ver a flor."

 

O produtor George Osako, de Piedade, com área de 18 hectares, confirma que o inverno chuvoso fez a planta ficar muito produtiva. "Só ficou ruim na colheita. Choveu demais", disse. Ele diz que a inundação da Ceagesp, na capital, paralisou por dois dias a venda da alcachofra. "Como não tinha para onde mandar a produção, tivemos alguma perda." As chuvas influenciaram também no consumo e os preços caíram. Na última sexta-feira, a caixa com até 15 flores oscilava entre R$ 15 e R$ 20. Em setembro do ano passado, a caixa chegou a R$ 25.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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