A queda do dólar frente ao real aumentou a participação dos produtos importados no mix dos supermercados de Belo Horizonte. Representantes de redes mineiras afirmam que a desvalorização da moeda norte-americana - que chegou a R$ 2,42 em março e fechou ontem a R$ 1,793 - coloca as mercadorias estrangeiras em condição igual de competitividade com produtos os nacionais.
No caso da Guga Comércio de Alimentos, proprietária do Supermercados BH, nos últimos três meses a participação dos cerca de 250 produtos importados apresentou aumento entre 10% e 12% na receita mensal da rede. Os itens estrangeiros representam menos de 5% do mix de 8 mil mercadorias do supermercado. O gerente de compras, Fernando Seabra, explicou que o grupo "não faz importação direta junto ao mercado externo, mas negocia com distribuidores e importadoras".
Para Seabra, os itens importados ganharam em competitividade. "As mercadorias estrageiras ficaram mais competitivas porque o preço caiu. As vendas de alimentos, bebidas e azeites produzidos no exterior crescem gradativamente e devem sofrer incremento ainda maior até o final do exercício", argumentou. Ele lembrou que os produtos sazonais de Natal, como panetones e frutas secas, também podem impulsionar a comercialização das marcas estrangeiras. A rede conta com 89 lojas no Estado, das quais 40 estão instaladas na Capital, e é reponsável por 5,2 mil empregos diretos.
Já no Supermercado Prado, localizado na região Oeste de Belo Horizonte, que trabalha com aproximadamente 67 produtos importados, o incremento de 10% esperado para as vendas de Natal sobre os negócios da mesma data do ano passado é atribuído ao aumento no volume de itens estrangeiros comercializados mensalmente. Sem revelar os valores correspondentes a esse crescimento, o proprietário da loja, Gilson de Deus Lopes, revelou que as mercadorias estrangeiras sofreram uma queda média entre 7% e 8% no preço final.
Fato que, segundo o empresário, aumentou significativamente a representatividade de itens estrangeiros no faturamento mensal do supermercado. "O consumidor dá preferência aos produtos importados porque a qualidade é superior e o preço similar", confirmou. Para o resultado do acumulado deste ano, Lopes projeta um incremento de 10% sobre o do exercício passado.
O Grupo Aliança de Atacados e Supermercados, conhecido como Super Nosso, dono de 12 unidades na Capital, sendo que quatro carregam a bandeira do Apoio Mineiro, possui, atualmente, 9% do faturamento mensal atrelado às vendas de produtos importados. O executivo de marketing, Antônio Celso Azevedo, não revelou o número de itens estrangeiros que a rede trabalha, mas enfatizou que a linha é cada vez mais representativa nos negócios do grupo e que a desvalorização do dólar incentiva a ampliação deste mix.
O grupo, que conta com cerca de 3 mil colaboradores, apresentou crescimento de 15% no faturamento de janeiro a agosto deste ano na comparação com o do igual intervalo do exercício anterior.
Veículo: Diário do Comércio - MG