Magazine Luiza muda a estratégia

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Varejo: Depois de perder o Ponto Frio, novas aquisições são adiadas para 2010 ou 2011


   
Aos 58 anos, o pernambucano Marcelo Silva traz na bagagem uma experiência profissional de 31 anos no varejo . Natural de Palmares, interior de Pernambuco, seus pais mudaram-se com os 12 filhos para Recife quando Marcelo tinha 15 anos. Foi lá que ele ingressou na rede Bompreço, onde permaneceu por 24 anos. Em 2001, foi chamado para presidir o GBarbosa, em Aracaju, mas só ficou nove meses na capital sergipana.

 

Convidado para presidir a Pernambucanas, Silva chegou a São Paulo em 2002. Foram seis anos e meio à frente da varejista centenária, cujo controle está nas mãos da herdeira Anita Haley, conhecida por sua reclusão. Na Pernambucanas, Silva ganhou o reconhecimento dos seus pares por sua gestão bem-sucedida, mas nunca concedeu entrevistas, seguindo a rígida política de discrição da empresa.

 

Agora, ao contrário, como superintendente do Magazine Luiza, cargo que ocupa há apenas seis meses, o executivo deverá enfrentar uma alta exposição e um dos maiores desafios de sua carreira. A varejista de Franca, no interior de São Paulo, quer abrir o capital em 2010. "Estamos preparando a empresa para fazer o 'IPO' (oferta pública inicial de ações) no segundo semestre de 2010 ou, dependendo do que acontecer, no início de 2011", diz Silva. Durante um almoço no Brasil A Gosto, restaurante de uma das herdeiras do Magazine Luiza, o executivo falou por mais de uma hora ao Valor.

 

Segundo ele, a empresa está empenhada neste momento em reduzir seu endividamento, o que está sendo feito com a geração de caixa. O objetivo é deixar a estrutura de capital mais sólida antes de ir à Bovespa, com indicadores financeiros semelhantes aos apresentados pelas varejistas listadas na bolsa.

 

Até lá, o foco não estará voltado para grandes investimentos, como aquisições ou a abertura de muitas lojas. "Esses serão projetos que ficarão para depois da abertura de capital", diz Silva. O Magazine Luiza já conquistou um faturamento considerável para lançar ações: as vendas brutas vão se aproximar de R$ 4 bilhões em 2009 - cifra cerca de 25% maior que a de 2008.

 

A rede esperava dobrar as vendas com a compra do Ponto Frio, que foi colocado à venda neste ano. Para isso, Luiza contava com o dinheiro de seu sócio: o fundo Capital, que detém 12% do capital, iria elevar sua participação. Mas o Pão de Açúcar saiu na frente e comprou o Ponto Frio antes que os concorrentes fizessem suas ofertas.

 

O ano passado foi difícil para o Magazine Luiza. Antes da crise, a empresa gastou o que podia para bancar uma estreia em grande estilo na capital paulista. Foram investidos R$ 200 milhões na inauguração simultânea de cerca de 50 lojas na cidade. Na época, a rede previa que iria abrir o capital e que poderia levantar os recursos para arcar com a expansão. As lojas em São Paulo, porém, foram abertas no fatídico mês de setembro de 2008, que passou para a história como o marco da crise após o colapso do banco Lehman Brothers.

 

"O balanço do Magazine Luiza de 2009 será muito diferente do de 2008. Ele vai mostrar uma posição bem mais confortável", diz Silva, o primeiro profissional a ocupar o posto de CEO na empresa da família Trajano. Luiza Helena, sobrinha da fundadora, transferiu-lhe o dia a dia dos negócios, mas ainda ocupa um cargo acima, como presidente, e tem voz ativa na gestão.

 

Desde que chegou ao Magazine, Silva arregaçou as mangas. A primeira mudança implementada foi a reorganização da estrutura administrativa. Em vez de seis diretores de departamento, que antes se reportavam à Luiza, agora há quatro diretores executivos, que respondem ao CEO. Um deles é Frederico Trajano, filho de Luiza, que comanda a diretoria executiva de marketing e vendas, área que já estava sob sua chefia. Outra diretora que já fazia parte do quadros é Isabel Bonfim, responsável pela administração e controle.

 

Mas dois novos diretores executivos foram chamados por Silva, que trouxe Abel Ornelas da Pernambucanas para chefiar a área comercial. O novo diretor financeiro (CFO), um cargo estratégico para rede, também já foi escolhido, mas o nome é mantido em sigilo por questões contratuais. Será ele quem vai estruturar a nova área de relações com investidores.
 


Veículo: Valor Econômico


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