Wal-Mart ainda vê pressão sobre o consumo nos EUA

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Mike Duke tornou-se diretor-presidente da Wal-Mart Stores Inc. em fevereiro, nas profundezas da recessão - uma situação excepcionalmente favorável para a maior varejista do mundo.

 

Conforme a economia fraquejava, os preços baixos da Wal-Mart passaram a atrair consumidores mais abastados em busca de ofertas em artigos domésticos. Agora, a Wal-Mart enfrenta o desafio de conservar esses novos clientes de maior poder aquisitivo, enquanto a economia vai se recuperando lentamente.

 

Duke, ex-diretor dos negócios internacionais da Wal-Mart, precisa incentivar o crescimento nos Estados Unidos, em um mercado varejista cada vez mais saturado, enquanto procura oportunidades em outros países. No Brasil, a rede chegou em 1995 e tem hoje 355 lojas.

 

Ao mesmo tempo, ele está mergulhando na política de Washington agora que a empresa influencia questões polêmicas como assistência médica e o deferimento dos impostos internacionais. Em uma entrevista abrangente, Duke mostrou sua visão sobre o impacto da situação econômica, ainda instável, através de uma lente exclusiva: a de uma empresa que atende 140 milhões de consumidores por semana nos EUA e tem negócios ao redor do mundo.

 

Trechos:

 

WSJ: Qual a sua expectativa para uma recuperação sólida do consumo nos EUA?

Duke: Nossos clientes ainda estão sofrendo muita pressão. Vemos isso pela maneira como eles fazem compras, pelos produtos que adquirem e pela época em que compram.
Começamos a ver nos últimos meses que à meia-noite do dia 1º do mês (quando os benefícios do governo são pagos) já vemos os clientes ali na loja, mais do que há um ano. Isso nos diz que há ainda mais pressão sobre o ciclo de pagamentos, e sobre o consumidor que está recebendo benefícios pagos pelo governo.

 

WSJ: Quais suas expectativas para a temporada de Natal?

Duke: Haverá Natal, haverá uma temporada de festas. Ficará para mais tarde. No ano passado, quando esta crise começou, muitos varejistas tiveram um quarto trimestre com queda de vendas. Nós não. Na verdade, tivemos uma alta no movimento e em novos clientes. As compras de última hora foram muito fortes. Imagino que o mesmo acontecerá este ano, talvez ainda mais.

 

WSJ: Suas vendas começaram a fraquejar no segundo trimestre. Por que?

Duke: Vendemos muitos alimentos, e também muitos produtos eletrônicos. No segundo trimestre a taxa da deflação foi significativa. Nossas margens (de lucro) foram boas mas, na verdade, não por causa da deflação. Não é nossa estratégia, e nem esperamos aumentar a margem bruta ao longo do tempo. Nosso DNA é gerar economia para repassar aos consumidores.

 

WSJ: O que os clientes estão comprando? Que produtos estão saindo?

Duke: Há algumas tendências globais. Uma delas é que o consumidor está comprando bens de primeira necessidade, mas não gastando muito em roupas. Nos mercados já maduros e em desenvolvimento os clientes disseram, "Vou investir nas minhas necessidades básicas, mas adiar os produtos supérfluos".
Tivemos um marco há uns dois anos quando começamos a oferecer medicamentos genéricos por US$ 4. Isso realmente acelerou a imagem que os consumidores têm da Wal-Mart como loja para comprar remédios.
O interessante é que a venda de vitaminas vem sendo muito forte. Poderíamos pensar que é algo que os consumidores iriam cortar. Mas eles dizem, "Preciso manter a saúde. Não posso me dar ao luxo de faltar no trabalho. Não posso me dar ao luxo de ficar doente".

 

WSJ: A Wal-Mart vem se envolvendo mais na política americana, em questões como a assistência médica. Que parte do seu tempo o senhor dedica a Washington?

Duke: Meu envolvimento consiste mais em expressar um ponto de vista acerca dos nossos associados, nossos clientes, tentar representá-los. Esses grandes problemas que o país enfrenta e o mundo enfrenta são problemas para a Wal-Mart também, e cremos que é importante uma empresa como a Wal-Mart influenciar o debate. É bom para os nossos acionistas.

 

WSJ: A Wal-Mart melhorou sua reputação substancialmente. Como isso aconteceu?

Duke: Às vezes eu dou um passo atrás e digo: Se alguém nos crítica, será que é um argumento válido? Podemos aprender alguma coisa com isso?" E creio que, ao longo do tempo, isso fez as relações melhorarem.

 


Veículo: Valor Econômico

 


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