Rede Nissei triplica receita e retoma plano de expansão fora do Paraná

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Farmácias: Líder no mercado paranaense com 150 lojas, varejista não descarta aquisições


   
O empresário Sergio Maeoka, dono da rede de farmácias Nissei, com sede em Curitiba, adiou por três anos a intenção de instalar-se em outros Estados. Primeiro decidiu dedicar-se ao que chama de Projeto Paraná, com o qual dobrou o número de lojas, de 75 para 150, e triplicou o faturamento, que chegou a R$ 500 milhões em 2008. Para ele, 2009 foi o ano de "recuperar fôlego" e arrumar a casa para colocar em prática planos ousados. Em 2010 o empresário quer ter 15 lojas em Santa Catarina e, no segundo semestre, voltará a analisar o mercado de São Paulo.

 

"Ainda não sabemos se entraremos pela capital ou pelo interior", diz Maeoka, que não descarta fazer aquisições. Até agora a expansão foi financiada com recursos próprios ou empréstimos bancários, mas para os próximos passos não está descartada a busca de sócios ou o lançamento de ações em bolsa. "Vamos avaliar o que é mais favorável", afirma. Pelos seus cálculos, quando a bandeira for fincada no varejo paulista, será preciso abrir cerca de 30 lojas por ano.

 

A Nissei nasceu há 23 anos, depois de Maeoka ter tido a primeira experiência como empresário em meados dos nos anos 80 em uma pastelaria. Além de ter escolhido bons pontos para abrir suas farmácias na capital paranaense, ele admite que foi beneficiado por problemas enfrentados pela concorrência. A rede Drogamed, que chegou a ocupar o topo do ranking no Paraná e pertencia à chilena Ahumada, acumulou prejuízos e passou em 2006 para as mãos de seu então presidente, Hugo Rodriguez. Sua falência foi decretada em maio de 2008. A Multifarma, outra rede local, entrou em processo de recuperação judicial em 2007. Os tropeços foram creditados, em parte, à guerra de descontos de preços entre as empresas.

 

Nesse meio tempo, alguns pontos da Drogamed foram vendidos para a Nissei e, no leilão de lojas e equipamentos que restaram, a empresa foi arrematada por Ricardo Maeoka, irmão mais novo de Sergio, por R$ 8,8 milhões. "O Ricardo tinha nove lojas franqueadas da Nissei. Depois que ele comprou os pontos da Drogamed, fizemos uma composição", diz Sergio. Ricardo rebatizou 45 lojas de Minerva, nome que no passado fez sucesso no ramo em Curitiba. Hoje os dois irmãos Maeoka dominam o mercado e investem fortemente em propaganda, tanto em TV como em jornais. A Nissei, segundo seu dono, detém 35% do mercado do Paraná e 45% das vendas de medicamentos na capital.

 

O adiamento da entrada em outros Estados aconteceu, em parte, porque redes paulistas como a Droga Raia estavam fazendo movimento contrário. Maeoka teve de defender o território e analisar o apetite das grandes empresas do setor. "De 2006 para cá demos uma grande guinada. Evoluímos muito mais que o previsto", comenta. À época, o faturamento de R$ 500 milhões era esperado para 2010, mas chegou dois anos antes. Para 2009 estão previstos R$ 600 milhões. A quebra da barreira de R$ 1 bilhão também foi antecipada. Era projetada para 2015 e, agora, é aguardada para 2013. "Isso sem sair do Paraná", diz o empresário, dando a entender que pode acontecer antes, com os novos planos de expansão.

 

Hoje, a venda de remédios responde por 60% das receitas e itens de conveniência, perfumaria e cosméticos, por 40%. Das 150 lojas, 72 estão em Curitiba e o restante na região metropolitana e nos principais municípios do Estado. A expansão no interior começou em 2006, quando a Nissei comprou dez lojas da Drogamed. Em 2008 ela fez outra aquisição - quatro lojas da Farmaútil, de Cascavel. No período, Maeoka dobrou a capacidade do seu centro de distribuição, em Curitiba, que já está preparado para o avanço previsto. Os investimentos somaram R$ 60 milhões em 2008 e R$ 25 milhões em 2009.

 

Quando questionado sobre as razões para encarar o mercado paulista, se o negócio vai bem no Paraná, Maeoka responde com sotaque oriental: "É desafio." Se antes cuidava de tudo, aos poucos ele delega responsabilidades a diretores e um conselho de administração deve ser criado em breve. Uma consultoria foi chamada para implantar processos de governança corporativa na empresa.

 

Maeoka conta que o crescimento da rede despertou a atenção de investidores. "Já recebi proposta de compra total e de participação, mas não tenho conversado sobre isso", afirma. Embora não revele números, o empresário garante que sempre operou "no azul" e que a crise não mudou o quadro. "O ramo não é extremamente lucrativo, mas é estável, sempre pinga alguma coisa."
 


Veículo: Valor Econômico


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