Não houve publicidade para anunciar a abertura do Hyperstar, primeiro hipermercado iraniano no estilo internacional. O boca a boca, no entanto, rapidamente tornou a inauguração um grande acontecimento em Teerã, uma vez que o Hyperstar é fortemente associado à rede francesa Carrefour.
Presumia-se que a loja levaria o nome Carrefour e não Hyperstar, uma nova bandeira da franquia do grupo francês no Oriente Médio: Majid al-Futtaim (MAF), de Dubai.
"O investidor é o MAF e o Carrefour não tem laços com este projeto", diz Marc Corbion, diretor-gerente do Hyperstar em Teerã. Contudo, ele acrescenta que "foi uma decisão do Carrefour e do MAF usar a bandeira [Hyperstar] da MAF no Irã, o que foi um passo muito sensato." Não ficou claro se teve algo a ver com a opinião pública islâmica ou as sanções internacionais contra o programa nuclear iraniano, mas ele disse que os clientes identificam o Hyperstar com o Carrefour.
O grupo MAF, com sede nos Emirados Árabes Unidos, investiu US$ 60 milhões na loja, aberta em agosto, em período de testes. A inauguração oficial está marcada para novembro, quando o shopping onde está localizada estiver funcionando integralmente.
Artigos esportivos da Adidas e calçados Ecco já estão à venda, enquanto a Geox e a Benetton, da Itália; a Mango, da Espanha; e a Esprit, de Hong Kong, ainda abrirão lojas. Será a primeira vez no Irã que marcas internacionais poderão ser encontradas num mesmo local. Também já começaram a funcionar praças de alimentação, com cardápios internacionais.
"É muito mais fácil comprar aqui, onde também se pode ter diversão", diz Siamak, um eletricista de 25 anos. Em média, 10 mil pessoas por dia compram no hipermercado, localizado em uma região de classe média de Teerã. O número o coloca como um dos 4 principais entre os 37 hipermercados do Carrefour-MAF no Oriente Médio. A bandeira Hyperstar também é usada em Lahore, no Paquistão, para evitar tensões políticas.
O Hyperstar pretende abrir 15 unidades em cinco cidades até 2015. Duas estarão na área central de Teerã e uma na cidade de Shiraz, sul do país, em 2010.
Analistas suspeitam que o projeto tem apoio do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. O governo enfrenta dificuldades com a inflação, de 18,5%, e espera que o projeto contenha o preço dos alimentos, afirmam os analistas. A maioria dos produtos oferecidos no supermercado é produzida no país, mas há um conceito novo no Irã, com as ofertas do tipo "compre dois e leve três".
O Irã é um dos poucos países no mundo onde as redes internacionais de supermercados não operam. Suas cidades são dominadas por um sistema tradicional de lojas pequenas, de donos independentes. Como consequência, os alimentos tendem a ser caros.
"Nossa esperança é que as pessoas percam logo o entusiasmo e nossos negócios voltem ao normal", diz Hamid, 24, de uma loja perto do Hyperstar.Ele reclama que agora gasta apenas US$ 400 a cada dois dias para abastecer-se de laticínios, sendo que antes costumava comprar US$ 600. "O Hyperstar causa preocupações a todos os lojistas em Teerã."
Veículo: Valor Econômico