O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou medida para tentar fortalecer os preços do trigo no país
O governo brasileiro elevou o tom da ameaça à entrada de trigo argentino no país. Com preços ao produtor abaixo do mínimo de garantia, o Ministério da Agricultura pedirá novamente o licenciamento não-automático à Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Ocorre que o próprio governo avalia que a Argentina não tem mais trigo para vender ao Brasil antes de janeiro, quando começa a nova safra do cereal no país vizinho. Na última reunião da Camex, em setembro, os ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda informaram que não havia "perigo efetivo" do trigo argentino.
Ainda assim, iniciaram um monitoramento semanal das importações. Ao menor sinal de desvios, entraves administrativos poderiam ser adotados. Os industriais avisam que a outra medida em estudo no governo federal, de elevar de 10% para 35% a tarifa do trigo importado de fora do Mercosul, também será complicada, já que não haverá trigo suficiente no bloco para abastecer o mercado. Com necessidade de importar cerca de 5,7 milhões de trigo de fora do Mercosul, o país poderia sofrer pressões desnecessárias sobre os preços internos, segundo membros da equipe econômica. Os estoques, públicos e privados, somariam cerca de 1,2 milhão de toneladas da safra passada.
Os produtores querem que o governo retire do mercado trigo de baixa qualidade, afetado pelas chuvas e doenças no Sul do país. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, informou que o governo deve bancar a comercialização de 700 mil toneladas via subsídio ao frete (PEP) para evitar uma queda ainda mais acentuada nos preços de mercado, hoje em R$ 480 por tonelada em média. (MZ)
Veículo: Valor Econômico