Estratégia: Companhia integra centros de tecnologia para desenvolver produtos para países emergentes
Pela segunda vez no cargo, o vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Johnson & Johnson para América Latina, Gerson Pinto, que acaba de retornar de Cingapura, onde comandou, durante quatro anos, o projeto de expansão da empresa na região Ásia-Pacífico e mercados emergentes, disse que vai usar a sua experiência para fortalecer a integração mundial do centro de pesquisa brasileiro e a sua posição de excelência na geração de novas tecnologias e produtos.
"O objetivo da companhia é posicionar os centros regionais da J&J em mercados emergentes também para o desenvolvimento de tecnologias e de produtos mais acessíveis para outras camadas da população". O executivo cita como exemplo dessa estratégia a iniciativa pioneira da filial brasileira, que acaba de lançar uma escova ecológica, a Reach Johnson &Johnson Eco, com 40% do cabo feito de material reciclado.
"A J&J reaproveitará materiais reciclados, retirados das sobras de derivados de petróleo (polietileno e polipropileno), proveniente dos seus processos industriais, para desenvolver um produto dentro do conceito de sustentabilidade". A escova ecológica será vendida a R$ 1,49. O segmento de escovas de até R$ 1,99 representa 25% das vendas totais do setor, cujo volume total é da ordem de R$ 660 milhões, segundo dados fornecidos pela empresa.
Outra idéia que nasceu no Brasil e foi exportada para as Filipinas, dentro da política de acelerar o crescimento da marca junto aos consumidores de baixa renda, foi a de uma linha de sabonetes em barra, que custam mais barato e utilizam componentes locais de reconhecimento popular, como alecrim, jasmim, aloe vera, amêndoas, camomila e lavanda.
Na Índia, a J&J também lançou uma linha de sabonetes e talcos em tamanhos e embalagens menores, com o objetivo de aproximar o consumidor de baixa renda aos produtos da marca. No comando das operações da J&J no mercado asiático, Pinto trabalhou ativamente na construção de um centro mundial de mercados emergentes na China, em 2007, e no processo de aquisição da empresa chinesa Beijing Dabao Cosmetics, em 2008, focada em produtos para a classe média.
Um dos fatores que tem mudado a cara da indústria é o crescimento da população de classe média nos mercados emergentes. O grande volume de negócios da indústria de beleza, segundo Pinto, está aí e o Brasil já é considerado o terceiro maior mercado de beleza no mundo.
Entre as prioridades da companhia para o mercado brasileiro está o investimento no desenvolvimento de uma linha de produtos naturais e a J&J já está avaliando oportunidades na biodiversidade brasileira. "A Amazônia tem uma importância central nessa busca de ingredientes naturais, que já são reconhecidos pelo consumidor brasileiro", ressaltou.
O Centro de Pesquisa e Tecnologia da J&J, sediado em São José dos Campos, também já vem reforçando a sua posição estratégica dentro da corporação com o desenvolvimento de uma linha de produtos que hoje faz sucesso no mundo todo. Além de concentrar no Brasil a produção de curativos destinada ao mercado norte-americano, a J&J brasileira também é responsável, por exemplo, pelo desenvolvimento de novos produtos na linha Band-Aid e de protetores solares com a marca Sundown, cuja fórmula nasceu no Brasil e hoje é exportada para vários países.
A integração mundial dos centros de pesquisa da J&J, segundo Pinto, facilita a troca de informações sobre a preferência local do consumidor, permitindo o desenvolvimento de um produto que atende às suas expectativas. No processo de gestão da inovação, de acordo com o executivo, a empresa procura estar sempre atenta ao desenvolvimento de produtos globais, que podem ter sucesso no Brasil do jeito que são e de produtos globais que precisam ser modificados e adaptados em relação a custos, características sensoriais e à cultura de cada país, além da busca de oportunidades locais.
Vista como prioridade central na estratégia de crescimento da J&J, a área de pesquisa e desenvolvimento recebeu em 2008 um investimento global de US$ 7,6 bilhões, aproximadamente 12% do faturamento líquido mundial da companhia.
Como exemplo dessa integração mundial entre os diversos CPT da J&J no mundo, Pinto destaca a linha de protetores solares Sundown, cuja fórmula nasceu no Brasil e parte da tecnologia de filtro solar veio da plataforma global de proteção solar. Líder no mercado brasileiro, a linha Sundown também foi lançada em outros países da América Latina, Estados Unidos e Ásia. "O CPT brasileiro conquistou a excelência na geração de tecnologia na área de proteção solar, tornando-se uma referência nesse segmento".
Mais recentemente os pesquisadores brasileiros lançaram no mercado o RoC Minesol Actif, hidratante com protetor solar que ajuda a uniformizar a tonalidade da pele. O produto, segundo o vice presidente, foi desenvolvido levando-se em conta a necessidade dos consumidores da América Latina, para onde ele está sendo exportado hoje. Outro produto que virou uma marca forte do CPT brasileiro é o absorvente Sempre Livre Ultrafino, lançado com sucesso na América Latina, Austrália e Filipinas.
Veículo: Valor Econômico