Na semana passada, a Fnac abriu em Ribeirão Preto a sua segunda loja no interior de São Paulo . Neste ano, essa será a única inauguração da varejista francesa de aparelhos eletrônicos, livros, CDs e DVDs no país, na qual foram investidos R$ 15 milhões.
A vinda da Fnac ao Brasil, no fim dos anos 90, causou frisson e a rede era vista na época como uma das grandes promessas transformadoras do varejo brasileiro. No entanto, a rede francesa avançou a passos bem mais lentos do que se previa inicialmente: nesses 11 anos, a Fnac só chegou agora a nove lojas. E o Brasil continua sendo o único mercado fora da Europa e a única economia emergente onde a varejista fincou sua bandeira.
A empreitada de se expandir além-mar não foi assim tão vantajosa? Pierre Courty, o executivo francês que preside a Fnac desde que a companhia desembarcou no Brasil, responde que um dos motivos que a levaram a crescer de forma mais lenta foi a dificuldade em encontrar o endereço, na hora certa, pelo preço certo. Demorou anos até que Courty encontrasse, por exemplo, o ponto ideal na Avenida Paulista, em São Paulo.
Mas, a partir de 2010, a varejista quer, finalmente, acelerar o ritmo de expansão no Brasil. "O objetivo é abrir duas ou três lojas por ano", diz Courty.
A Zona Sul do Rio de Janeiro e Belo Horizonte são dois locais onde a Fnac está à procura de endereços e, possivelmente, onde a rede abrirá unidades no ano que vem. No Rio, a varejista já possui uma loja na Barra da Tijuca, no BarraShopping. O centro comercial pertence à Multiplan, rede de shopping centers com a qual a Fnac estabeleceu uma parceria no Brasil. Das nove lojas da rede, seis estão em empreendimentos controlados pela Multiplan, incluindo a nova loja de Ribeirão Preto.
Como as lojas da Fnac ocupam um espaço grande, de 3 mil metros quadrados, não é tão fácil encontrar áreas disponíveis nos shoppings já existentes, diz Courty. A construção de novos empreendimentos, acrescenta, permitirá acelerar a expansão daqui para frente.
Analistas do setor avaliam que o fato de a Fnac não ter se expandido de uma forma muito audaciosa no Brasil, ou mesmo fora da Europa, é um indício de que a varejista poderia ter perdido parte do seu encanto para a sua controladora, o grupo PPR. Vez ou outra reaparecem especulações de que o conglomerado francês, que também é dono do Grupo Gucci e da marca de artigos esportivos Puma, poderia se desfazer da rede de eletrônicos e livros. "Isso não é verdade. Não passam de boatos", diz Courty.
A Fnac fechou 2008 com vendas de € 4,6 bilhões, o que representou 22,6% da receita do PPR, de € 20,2 bilhões. O Brasil respondeu por 3,5% do faturamento da varejista, que obteve 70,5% de sua receita dentro de casa, na França. Apesar dos investimentos do PPR no segmento de luxo, a Fnac ainda é o braço que mais fatura dentro do conglomerado francês. .
Nos nove primeiros meses de 2009, as vendas globais da Fnac caíram 3% em uma base comparável de lojas em relação a igual período de 2008. No Brasil, a receita cresceu 2,5%, com resultados positivos também na França e na Bélgica, onde as vendas aumentaram 1% e 7,4% respectivamente.
Veículo: Valor Econômico