Shoppings investem de olho nas classes C e D

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Administradores de shopping centers estão de olho no aumento do poder de consumo das classes emergentes e já começam a lançar empreendimentos desenvolvidos especialmente para atender a esse público, que movimenta R$ 760 bilhões por ano, ou seja, 76% do consumo no varejo brasileiro, segundo números do instituto Data Popular. A ideia é investir em malls próximos a locais de grande circulação de pessoas e bairros em que os centros de compras ainda não chegaram.

 

Segundo Luiz Fernando Pinto Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o interesse dos empresários em construir centros de compras em bairros cujo público tem menor poder aquisitivo deve-se ao aumento do contingente de pessoas que ingressaram na classe C (20 bilhões de pessoas, nos últimos 4 anos). "O empreendedor de shopping procura locais onde há carência de centros de compras e lazer. E essa classe está querendo comprar em shopping, por isso a classe C tornou-se economicamente mais interessante para o comércio."

 

De acordo com Marcos Romiti, CEO da Rep Empreendimentos, que também é dona do Shopping Center 3, o shopping popular é um conceito de centro de compras pensado segundo as necessidades dos consumidores das classes sociais mais baixas. "É preciso entender que um shopping para a classe C e D+ não é uma galeria, é um espaço para abrigar lojistas que antes achavam caro montar uma loja em shopping."

 

No próximo ano a empresa pretende inaugurar o Shoppig Mais, no Largo Treze de Maio, um dos maiores pontos de fluxo de pessoas da zona sul de São Paulo, com circulação de 1,5 milhão de pessoas por dia. O empreendimento contará com 400 lojas, inclusive grandes nomes do varejo, como: Magazine Luiza, O Boticário, Drogaria SP, McDonald's, Casa do Pão de Queijo e rede Giraffas. "Nossa expectativa é de que o estabelecimento movimente entre 20 e 30 milhões no primeiro ano", conta Romiti. "Estamos colocando lojas grandes e em um mesmo shopping pomos também lojas menores, de 8 a 12 metros quadrados, o que possibilita ao pequeno varejista entrar em um shopping sem ter todos os custos de uma loja maior, com todas as despesas de investimentos que são necessárias para isso."

 

O CEO da Rep diz que o novo centro de compras é desenvolvido a partir de um conceito que procura atender às necessidades de compra da nova classe média e atrair lojistas de rua que até então evitavam montar loja em malls por não dispor de capital para reforma e adequação do ponto. "Em um shopping convencional o custo de se abrir uma loja pode ultrapassar R$ 100 mil, mas no Shopping Mais o lojista terá toda a estrutura montada por um custo fixo entre 3 e 3,5 mil."

 

Bem-sucedido

 

O exemplo para o empreendimento paulista vem do sul, onde o Shopping Total recebe 900 mil pessoas por mês. Inaugurado em 2003 na capital gaúcha, o empreendimento é, hoje, considerado sucesso na área de shoppings populares. "Chegamos à conclusão de que construir um centro de compras como os outros seria apenas repetir a fórmula consagrada. Resolvemos criar um modelo para abrigar lojistas de rua em uma localização de fluxo intenso."

 

O diferencial do mall é oferecer aos visitantes um mix variado de lojas populares que inclui grandes nomes do varejo popular, praça de alimentação e entretenimento, e é perto de locais de grande circulação de pessoas. "Evitamos o modelo comum, porque hoje, em função do câmbio, a classe AB compra fora do País." "Antes de entrar no mercado de Porto Alegre fizemos pesquisas para avaliar as particularidades da região e depois começamos a investir em publicidade voltada ao consumidor C e D+."

 

Praça da Moça

 

Para comprar em um shopping, os moradores de Diadema (SP) eram obrigados a ir a cidades vizinhas como São Bernardo, São Caetano e São Paulo, mas, em maio, com a inauguração do Shopping Praça da Moça, houve uma inversão na migração de consumidores. Há apenas seis meses em funcionamento, o empreendimento atrai a atenção dos moradores das cidades vizinhas, conta Wilson Pelizado, gerente-geral do centro de compras. "Resolvemos abrir o shopping na região por causa da carência de áreas deste tipo na cidade", que receberá as primeiras salas de cinema em fevereiro do próximo ano. Em média, o shopping já recebe 35 mil pessoas por dia .

 

Estão em construção no empreendimento sete salas com capacidade para 1.800 pessoas que serão administradas pela Playarte. "Em termos de localização, isso foi um acerto. Às vezes até baseado em pesquisa você acaba errando. A gente sabia que eles viriam, mas não na proporção em que eles têm vindo."

 

Administradoras de shoppings definem suas estratégias para aproveitar o crescimento econômico das classes emergentes. Nessa linha, aumentam os empreendimentos em bairros onde há predominância de público das classes C e D, que no Brasil movimentam mais de R$ 760 bilhões, de acordo com o Data Popular.

 

O Shopping Praça da Moça, criado este ano, em Diadema (SP), já contabiliza ganhos com sua decisão de entrar em uma região onde há carência de centros de compras e áreas de lazer. Há seis meses em funcionamento, o Praça da Moça recebe mais de 35 mil pessoas por dia e vai abrir 10 novas lojas ainda este ano.

 

Veículo: DCI


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