Empregado que ignora norma de segurança tem culpa exclusiva por acidente

Leia em 2min 10s

 

Se o trabalhador, tendo sido devidamente treinado e na posse de equipamento de proteção, desobedece as regras de segurança da empresa, tem culpa exclusiva pelo acidente sofrido e, dessa maneira, não faz jus a qualquer tipo de indenização.

 

Com base nesse entendimento, a 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve a improcedência dos pedidos de compensação por danos morais e materiais de um motorista que perdeu a visão do olho esquerdo em consequência de um acidente de trabalho. Isso porque ele havia retirado os óculos de proteção fornecidos pela empregadora.

 

Na ação, o empregado relatou que exercia a tarefa de motorista de caminhão por estradas particulares em áreas rurais em que a empresa fazia extração de madeira. Durante o reparo da esteira de uma máquina florestal, um colega de trabalho marretou um pino que lançou uma esfera metálica no seu olho esquerdo, ocasionando a perda da visão. 

 

O motorista argumentou que sua atividade profissional em área de corte e extração de grandes toras de madeira por estradas particulares o colocava em uma situação de risco. Por essa razão, argumentou que, independentemente de culpa da empresa no acidente, ela teria o dever de compensar o dano sofrido.

 

Culpa exclusiva

Ao analisar as provas, porém, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) manteve a conclusão do juízo de primeira instância de que o acidente ocorreu por culpa exclusiva do motorista. Segundo o TRT, o próprio empregado havia admitido em depoimento que estava em posse dos equipamentos de segurança necessários no dia do acidente, inclusive os óculos de proteção. Ele também informou que foi devidamente treinado sobre a necessidade e a forma de sua utilização.

 

Dessa maneira, a conclusão foi de que, ao retirar o equipamento e permanecer sem ele próximo à zona que sabia ser de risco, o motorista desobedeceu os procedimentos de segurança da empresa, conforme treinamento recebido.

 

Com base nessas premissas, o ministro Alexandre Ramos, relator do recurso do motorista ao TST, concordou que a conduta do empregado foi a causa do acidente de trabalho, sem que tenha sido configurada ação ou omissão da empregadora capaz de atrair a sua responsabilidade pelo dano sofrido. A conclusão do TRT apenas poderia ser modificada com o reexame dos fatos e das provas, o que é inviável em recurso ao TST. A decisão foi unânime. Com informações da assessoria de imprensa do TST.

 

Clique aqui para ler o acórdão

 

AIRR 11419-05.2021.5.03.0056

 

Fonte: Revista Consultor Jurídico – 26/09/2023

 

 


Veja também

CCJ debate regimes específicos e favorecidos na reforma tributária

  A sexta audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) s...

Veja mais
Especialistas defendem aprovação do Estatuto do Trabalho

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizou audiência púb...

Veja mais
Mapa determina recolhimento de oito lotes de café torrado e moído por fraude e impurezas

Nos produtos foram detectados que os grãos de café foram substituídos por matéria-prima cont...

Veja mais
TJ-SP suspende todos processos de negativação por dívidas prescritas

  Reconhecendo o grande volume de processos sobre o mesmo tema, o Tribunal de Justiça de São Paulo (...

Veja mais
Aprovado fim de adicional de periculosidade por exposição a combustível

A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou nesta terça-feira (26) um projeto de lei que exclui do paga...

Veja mais
Receita Federal inicia nova edição do Projeto Cartas, que incentiva a autorregularização de pendências em Declarações do IRPF retidas em malha

O Projeto Cartas 2023 visa orientar e incentivar os contribuintes a promoverem a autorregularização de pen...

Veja mais
BC obriga instituições a avisar clientes sobre vazamentos no Pix

Multas serão calculadas com base no número de chaves afetadas   As instituições finan...

Veja mais
TRT 2ª REGIÃO – PJE TEM NOVA CLASSE PARA CONCILIAÇÃO PRÉ-PROCESSUAL EM CONFLITOS COLETIVOS

A partir desta terça-feira (26/9), pedidos para conciliação pré-processual em conflitos cole...

Veja mais
Norma coletiva pode exigir frequência integral para concessão de cesta básica

  O benefício não é obrigatório por lei   A Seção Especializada e...

Veja mais