O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) acredita que a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais vai inserir mais de 2,5 milhões de pessoas no mercado de trabalho. A avaliação é do coordenador regional do Dieese, Renato Lima, que participou nesta semana da 4ª Jornada Nacional de Debates, a Redução da Jornada de Trabalho e as Perspectivas para 2010.
A Proposta de Emenda à Constituição 231, de 1995, que prevê, além da redução da jornada semanal de trabalho de 44 para 40 horas, o aumento da hora extra de 50% para 75%, vem encontrando resistência entre os empregadores, principalmente a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que já se manifestou contrária à medida.
O Dieese acredita que 2010 será um bom ano em termos de crescimento econômico para o País, com reflexos no mercado de trabalho. "A perspectiva, com os dados que já temos em mãos, é de que - salvo alguns acidentes de percurso - este será um ano bom em termos de crescimento econômico e, consequentemente, com reflexos no mercado de trabalho, com a manutenção e até a expansão do emprego e da renda do trabalhador."
Luta - Para Lima, no entanto, será fundamental neste processo a questão da redução da jornada de trabalho do empregado. "Uma das bandeiras de luta para o êxito do mercado de trabalho no País em 2010 é a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Nós achamos que essa simples medida é o que vai gerar algo em torno de 2,5 milhões de novos postos de trabalho na economia brasileira. E o mais importante: o impacto que isto traz para o empresário em termos de custo é de menos de 2%", avaliou o coordenador do Dieese.
Mesmo com a crise, País manteve o nível salarial
O Brasil conseguiu manter a massa salarial e o nível do emprego ao longo da crise financeira de 2009, em relação a 2008. A avaliação foi feita pelo coordenador regional do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos), Renato Lima.
Para ele, a decisão do governo federal de adotar política semelhante a que reivindicavam os sindicatos - com redução de impostos em áreas vitais para a economia - possibilitou o aumento do emprego em alguns setores, como a construção civil, o que, em parte, compensou o baixo rendimento e o desemprego gerado no segmento industrial.
"No cômputo geral, mesmo com o impacto da crise, a economia interna, dos próprios brasileiros, por meio da circulação de mercadoria e salários, diluiu o impacto maior provocado pela crise - o que não aconteceu nos outros países. Nos que optaram pela continuação da política neoliberal de estrangulamento do crédito, os mercados internos não conseguiram dar pujança e obter resposta."
As declarações do coordenador regional do Dieese foram dadas na semana, passada no Rio de Janeiro, durante a 4ª Jornada Nacional de Debates, a Redução da Jornada de Trabalho e as Perspectivas para 2010. O encontro reuniu centrais sindicais de todo o País. A ideia era fazer um balanço e avaliação mais precisa sobre as negociações do acordo coletivo em 2009, em relação às metas pré-fixadas e às projeções do emprego e da renda para 2010.
"O debate vem demonstrando - por meio de uma série de estudos estatísticos, qualitativos e quantitativos - que no ano passado nós tivemos, diferentemente dos anos anteriores, um ano com características recessivas dado o impacto que teve, também aqui no Brasil, a crise financeira internacional - especificamente no setor industrial."
Para Lima, programas de transferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família, também ajudaram na manutenção da demanda do mercado interno.
Veículo: Diário do Grande ABC