Fundo dá novo fôlego à cadeia extrativista

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Do pequi são feitos polpa, licor, óleo, sabão, creme, farinha, castanha e até adubo

Foi sancionado em março o decreto que altera a Lei nº 13.965, que institui o Programa Mineiro de Incentivo ao Cultivo, à Extração, ao Consumo, à Comercialização e à Transformação do Pequi e Demais Frutos e Produtos Nativos do Cerrado (Pró-Pequi), ação que visa desenvolver a cadeia extrativista do bioma sob uma perspectiva sustentável e que auxilia famílias que dependem da renda gerada pelo extrativismo. O texto foi assinado pelo governador Antonio Anastasia.

A nova regulamentação prevê a criação de um fundo que será constituído pelos recursos arrecadados com a derrubada legal de pequizeiros. Estes recursos serão direcionados a projetos de assistência técnica, à pesquisa e ao incentivo da cadeia extrativista no Cerrado mineiro.

"Todo recurso oriundo do corte de pequizeiros formará um fundo que vai propiciar a expansão da cadeia produtiva.  um instrumento legal que incentiva o extrativismo do pequi e demais frutos do Cerrado", destaca o subsecretário de Agricultura Familiar, Edmar Gadelha, que também ressalta a possibilidade de firmar convênios como alternativa para levantar recursos.

Atualmente, está sendo formado um conselho com a participação de representantes de diversas secretarias de Estado, que definirá a normatização dos projetos do Pró-Pequi.

"A expectativa é de que a nova organização estimule a cadeia produtiva. Em Minas Gerais, já existem algumas, mas há espaço para crescer, já que o bioma ocupa mais da metade do território mineiro", defende Edmar.

A Cooperativa Grande Sertão, do município de Montes Claros, no Norte de Minas é um exemplo de cadeia produtiva bem sucedida. Em 2012, a produção da entidade alcançou 100 toneladas. Para 2013, a previsão é de chegar a 150 toneladas.

Os mais de 180 cooperados são responsáveis por mobilizar cerca de mil famílias da região que, muitas vezes, têm o extrativismo como única fonte de renda. "Atuamos no setor de industrialização da produção da agricultura familiar, fornecendo polpa de frutas, rapadura, mel, derivados de pequi e óleos para escolas, creches, hospitais e mercado de varejo local", explica o engenheiro agrônomo da cooperativa, Luciano Rezende Ribeiro.

" um empreendimento concreto de enfrentamento das questões vivenciadas pelo sertanejo do Norte de Minas, com habilidade para prestar assessoria agroextrativista a povos e comunidades tradicionais", afirma.

De acordo com Edmar, uma das prioridades da nova era do Pró-Pequi será a capacitação das cooperativas e seus respectivos cooperados e famílias agregadas, para que elas possam aperfeiçoar a sua gestão e levar mais benefícios às comunidades. "Vamos capacitar e sensibilizar as cooperativas", acrescenta o engenheiro agrônomo.

Diversidade - O Cerrado é um bioma característico do Brasil que se destaca pela diversidade e riqueza da flora. As plantas e frutos deste bioma são usados na fabricação de alimentos, remédios, forragem, fertilizantes, energia, fibra, resina, goma, materiais de construção e outros.

Entre as diversas frutas destaca-se o pequi. O pequizeiro é uma planta muito importante para as populações do cerrado, que a utilizam tradicionalmente para diversos fins. Do fruto do pequizeiro originam-se uma série de produtos como polpa, licor, óleo, sabão, creme, farinha, castanha e até mesmo adubo.

Em diversas regiões de Minas Gerais ainda se encontram populações tradicionais que conciliam o uso dos recursos naturais com a conservação do cerrado. No Norte de Minas, por exemplo, alguns extrativistas chegam a obter mais da metade de sua renda com a venda do pequi.

O cooperado e também presidente da Cooperativa Grande Sertão, Aparecido Alves de Souza, conta que a entidade, atualmente, divide a coleta dos frutos do cerrado, em especial do pequi, em grupos de trabalhos compostos pelas famílias da região. "Coordeno um grupo formado por 10 famílias que são remuneradas de acordo com o trabalho", esclarece Aparecido.

"O extrativismo é sustentável, as famílias podem viver daquilo, coletando sem denegrir o meio ambiente. Além disso, o pequi nunca vai sofrer com a seca, porque ele é natural daquele ambiente", acredita Edmar Gadelha.

Atualmente, Minas Gerais produz cerca de 30% de toda a produção brasileira de pequi, sendo o Norte de Minas responsável por 22,34%. Além do pequi, também destacam-se outras plantas e frutos típicos do cerrado, como o buriti, cagaita, umbu, araticum, baru, macaúba, coquinho azedo e mangaba.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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