Para líder global de varejo da McKinsey & Co, varejistas podem explorar oportunidades tanto em atividades core quanto em negócios adjacentes
O varejo supermercadista continua sendo um dos motores do crescimento da economia mundial – e as oportunidades de expansão estão presentes em toda parte. Apesar das mudanças no comportamento dos consumidores e em toda a cadeia de suprimentos nos últimos anos, redes criativas e que utilizam bem seus dados têm encontrado possibilidades de expansão.
Para a sócia-sênior e líder global de varejo da McKinsey & Co, Dymfke Kuijpers, nos últimos 5 anos o varejo presenciou mais transformações do que nos 25 anos anteriores. E isso não é necessariamente ruim. “O mercado está muito mais desafiador, seja na contratação de pessoas, no relacionamento na cadeia de suprimentos ou no entendimento dos consumidores. Por outro lado, quem consegue se adaptar a essas mudanças destrava um enorme potencial de crescimento”, afirma.
Falando para os principais líderes do setor supermercadista brasileiro durante a ABRAS’24 food retail future, que acontece até amanhã em Campinas (SP), Dymfke aponta para o fato de que, globalmente, poucas empresas têm conseguido decifrar o comportamento do que ela chama de “zero consumer” – um consumidor sem fronteiras entre canais, sem fidelidade e imediatista, que quer ser visto como único.
“Nos EUA, Walmart e Amazon são responsáveis por mais da metade do crescimento dos lucros do setor. Os 10 maiores supermercadistas respondem por 70% do lucro do setor, mostrando que tem havido uma forte concentração”, afirma. Sinais do mesmo movimento estão presentes no Brasil: segundo a McKinsey, 45% dos clientes hoje são omnichannel em suas compras de supermercados e 50% buscaram opções mais econômicas de marcas para abrir espaço em seus orçamentos.
Entender os clientes e aumentar os resultados é possível, tanto dentro do próprio negócio quanto explorando outras possibilidades. “Quem reinventa seu core business para se adaptar aos novos tempos encontra oportunidades de expansão. O mesmo acontece com quem explora negócios adjacentes, como serviços financeiros, saúde e bem-estar”, exemplifica Dymfke.
Para a especialista, reforçar os aspectos core do negócio é essencial para agregar valor para os clientes, especialmente na oferta de produtos de marca própria. “No mundo, redes como Costco e Wegmans têm sido muito bem-sucedidas ao recriar a jornada de compras, incorporando o digital, buscando diferenciação em marcas próprias, personalizando o relacionamento e criando relevância para sua base de clientes”, analisa.
Quem está bem estabelecido em suas fortalezas principais pode, então, alçar voos em novas áreas. É o que fez, por exemplo, a alemã Lidl, hoje a terceira maior empresa de reciclagem de produtos de seu país. “A partir de um aspecto que se relaciona ao core do negócio – a economia de recursos – a empresa desenvolveu todo um business que integra a cadeia de suprimentos e extrai mais valor”, comenta.
Segundo a líder global de varejo da McKinsey, os supermercados devem criar relacionamentos em áreas que atendam às necessidades dos clientes. Ao mesmo tempo, devem explorar oportunidades de integrar dados em toda a cadeia e explorar negócios que conversem com o DNA da marca. “A partir dessa abordagem, é possível crescer de forma sólida e sustentável”, completa.
Fonte: Redação SuperHiper.