Painel Estratégia de Expansão traz ótimas discussões sobre o setor

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Desafios, transformações e o impacto das apostas on-line no consumo foram alguns dos assuntos abordados

O setor alimentar brasileiro, que reúne desde grandes redes de supermercados até pequenas mercearias, enfrenta desafios históricos e novos fenômenos que vêm alterando o comportamento do consumidor e a dinâmica do mercado. Em um encontro recente, lideranças do setor debateram temas como concorrência, estrutura societária das empresas, desempenho das ações na Bolsa e, principalmente, o impacto das apostas on-line no consumo das famílias brasileiras.

O setor alimentar é marcado por intensa concorrência, mas também por pautas comuns que unem diferentes formatos de negócios. CEO do Assaí Atacadista, Belmiro Gomes, compartilhou sua trajetória, iniciada ainda na infância, passando por diversas áreas como tecnologia, comercial, tributária e contábil, até chegar à liderança de uma das maiores companhias do setor, com mais de 87 mil colaboradores e faturamento anual de R$ 80 bilhões.

A profissionalização e a abertura de capital das empresas do setor também foram temas de destaque. O caso do Assaí, que se tornou uma companhia de capital aberto sem um acionista controlador de referência, foi citado como exemplo de modelo inovador no Brasil, mais comum em mercados maduros como o dos Estados Unidos. Esse modelo traz desafios e oportunidades, especialmente em um ambiente de juros altos e migração de capital para setores como tecnologia, o que tem pressionado o valor das ações do varejo alimentar na Bolsa.

O varejo alimentar, assim como outros segmentos do varejo, sofre com a precificação desfavorável na Bolsa, especialmente em períodos de juros elevados. A migração de recursos para a renda fixa e outros setores, aliada à sensibilidade do varejo a fatores políticos, econômicos e inflacionários, tem mantido as ações do setor estagnadas nos últimos anos. Apesar disso, especialistas alertam que o valor de mercado das empresas nem sempre reflete seu valor real, já que a cotação diária é resultado de negociações pontuais e não de uma avaliação global do negócio.

O fenômeno das apostas on-line e o consumo de alimentos

Um dos pontos mais polêmicos e atuais do debate mediado pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), João Galassi, foi o impacto das apostas on-line no consumo das famílias. Dados recentes do Banco Central indicam que até R$ 30 bilhões por mês estão sendo direcionados para apostas, principalmente por meio de empresas estrangeiras. Esse volume expressivo de recursos, segundo executivos do setor, tem contribuído para a redução do consumo de alimentos, especialmente entre as classes mais baixas.

Pesquisas apontam não apenas uma queda no consumo, mas também uma substituição de marcas por produtos mais baratos e a chamada “retroinflação”, com redução do tamanho das embalagens. Apesar de fatores como inflação e juros altos, o cenário atual apresenta características inéditas: desemprego em baixa, distribuição recorde de renda via programas sociais e níveis de endividamento e poupança estáveis. Isso sugere que o desvio de recursos para apostas on-line é um fator novo e relevante, com impacto direto não só no setor alimentar, mas também em medicamentos, vestuário e outros segmentos do varejo. “Não tem como você ter um movimento de 30, 38 ou 40 bilhões mensais e imaginar que isso não teria impacto no consumo. Não somente de alimento, mas também de medicamento, vestuário e outros impactos no varejo de modo geral”, declarou Belmiro.

Acesso a medicamentos e livre concorrência

Outro tema em pauta foi a possibilidade de venda de medicamentos sem prescrição em supermercados, prática comum em mercados desenvolvidos, mas ainda restrita no Brasil. Lideranças do setor defendem que a ampliação do acesso traria benefícios como redução de preços, maior capilaridade e concorrência saudável, além de facilitar o acesso em cidades sem farmácias. No entanto, enfrentam forte lobby contrário no Congresso, que busca manter a reserva de mercado das farmácias tradicionais.

Uma pesquisa nacional sobre o tema, encomendada pela Abras ao Datafolha, deve ser divulgada em breve para medir a opinião dos consumidores e embasar a discussão sobre a modernização do setor.

Conclusão

O setor alimentar brasileiro vive um momento de profundas transformações, pressionado por fatores econômicos tradicionais e por fenômenos recentes como o avanço das apostas on-line. A busca por inovação, maior concorrência e adaptação às novas demandas do consumidor são desafios centrais para garantir a sustentabilidade e o crescimento do setor nos próximos anos.

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Fonte: Redação SuperHiper


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