Real valorizado faz procura por itens importados da cesta de páscoa aumentar; boa fase da economia ajuda famílias a consumir mais produtos
"Nunca antes na história deste país o bacalhau esteve tão barato". O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Orlando Morando, brinca ao parafrasear o chavão do ex-presidente Lula, mas fala sério sobre a queda do preço deste e de outros alimentos importados que vão compor a tradicional cesta de páscoa.
Boa parte da situação favorável tem a ver o comportamento do câmbio. Desde o começo do ano o real vem ganhando valor frente ao dólar. No começo do mês, a moeda norte-americana chegou a um patamar abaixo de 1,60 real, algo que não acontecia desde 2008. Em abril do ano passado, mês do feriado religioso, a cotação do dólar foi, em média, de 1,76 real.
Se, por um lado, a desvalorização do dólar causa dores de cabeça na equipe econômica do governo, do lado do consumidor o efeito acaba sendo benéfico. Segundo dados divulgados pela Cooperativa de Consumo (Coop), o bacalhau está, em média, 10% mais barato do que na páscoa de 2010. Alguns cortes específicos do peixe chegam a ser até 20% mais baratos.
De acordo com Pedro Henrique dos Santos, diretor comercial do Grupo Pão de Açúcar, um dos maiores importadores de bacalhau do país, a queda do dólar em relação ao real é a principal causa dos preços convidativos do peixe. No exterior, praticamente não houve variação no valor do alimento entre a páscoa de 2010 e a deste ano.
O resultado deste cenário é visível nos números de uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em comparação com a páscoa passada, o volume de encomendas de bacalhau feitas pelos supermercados cresceu 11,8%. Considerando todos os artigos importados (vinhos, azeites, chocolates, dentre outros), o aumento nas encomendas foi de 5,8%.
Boa fase
Para o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), além do benefício do câmbio, a maior procura por itens importados para a páscoa também tem relação com o momento da economia brasileira.
"A demanda interna vai muito bem. O nível de desemprego está baixo, e as pessoas estão confiantes em seus empregos. Além disso, as famílias estão com mais renda, e tudo isso encoraja o consumo", explica o economista.
Veículo: Exame