Por Roberto Carlessi
No mês de setembro as vendas reais do setor supermercadista brasileiro, deflacionadas pelo IPCA do IBGE, cresceram 5,53%, comparadas com setembro do ano passado. Porém, em relação a agosto deste ano houve queda de 5,63%.
No acumulado do ano, o crescimento das vendas já chegou a 8,93%, bem próximo das estimativas do setor para o fechamento do ano, em torno de 8%.
O presidente da Abras, Sussumu Honda, explica que esse crescimento mostra que até outubro a crise financeira global ainda não havia afetado os hábitos de compra dos consumidores brasileiros.
Em valores nominais, setembro registrou crescimento de 12,13%, comparado com o mesmo mês do ano passado, e 14,92% no comparativo com o acumulado de 2007. Entretanto, neste final do mês de outubro os supermercados já detectam sinais de queda nas vendas de produtos de maior valor agregado, como eletroportáteis, bebidas, azeites, azeitonas e outros importados.
A queda na venda desses produtos se explica pela elevada variação na cotação do dólar e pela redução na oferta de crédito para o consumidor, que ficou bem mais seletiva. Além disso, também começa a ser sentida queda de confiança do consumidor, provocada pela crise financeira internacional, o que pode gerar retração de consumo nos próximos meses.
“Os reflexos da crise são mais visíveis no mercado atacadista, mas também são sentidos pelos supermercados que importam produtos diretamente de fornecedores estrangeiros. As dificuldades para fechar diariamente a cotação do dólar (câmbio) e definir o preço final dos produtos geram impactos negativos nas vendas de produtos importados”, acrescenta Sussumu. Mesmo com a nova realidade da crise, Sussumu afirma estar otimista com as vendas do setor neste final de ano e com as perspectivas futuras. “Não estamos no pior dos mundos, a previsão do PIB para o ano que vem é de 3,5%, e até agora nosso mercado está suportando bem a crise global”.