Por Wagner Hilário
O mês de janeiro foi bom para o setor supermercadista. Em coletiva concedida hoje, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) Sussumu Honda revelou que as vendas do autosserviço cresceram 12,76%, nominalmente, e 6,54 em valores reais na comparação entre janeiro deste ano e o mesmo mês do ano passado.
“Analisando o número sob o contexto da crise que vivemos, podemos dizer que o varejo de alimentos ainda não sente seus impactos, ou sente menos. O crescimento ocorre sobre uma base forte, já que o janeiro de 2008 também foi bom. O fato é que o terceiro ano seguido em que temos expansão de vendas em janeiro”, diz Sussumu. Para se ter ideia, as vendas do setor cresceram 6,62% em janeiro de 2007 e 8,28% em janeiro de 2008 na comparação com os respectivos janeiros imediatamente anteriores.
Para Sussumu, a principal ameaça ao bom desempenho nas vendas do setor é o desemprego, que infelizmente apresentou crescimento em janeiro. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação saiu de 6,8% da população economicamente ativa em dezembro de 2007 para 8,2% em janeiro deste ano. No mesmo mês do ano passado, a taxa estava em 8%.
A coletiva também serviu para a Abras divulgar o Abrasmercado, índice médio de preços (baseado em um mix de cestas) praticado pelos supermercados, e o índice anual de volume de vendas. O Abrasmercado teve uma alta superior a de outros índices de preço, como o IPCA, e chegou a 1,34%, o que corrobora a tese de que a crise ainda não chegou ao varejo alimentar. “Esse resultado de janeiro não deve se repetir nos próximos meses. Creio que os preços nos supermercados, neste ano, ficarão estáveis.”
No ano passado, os preços, que de acordo com o Abrasmercado subiram 12,76% no acumulado, tiveram grande influência sobre a expansão da receita do setor, que apresentou quase 9% de alta. Em contrapartida, o volume vendido em 2008 praticamente ficou estável: crescimento de 0,1%. Desempenho bem aquém do verificado em anos anteriores, quando o aumento no volume de vendas foi o grande responsável pela alta na receita. “Neste ano, acho que o volume voltará a crescer, mas os preços ficarão estáveis. Não acredito que haverá espaço para aumentos.”