Por Silvana Lima
A Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), em parceria com a Coordenadoria da Arrecadação Tributária da Secretaria da Fazenda do Governo do Estado de São Paulo (CAT / SEFAZ-SP), organizou ontem (18/06), em sua sede em São Paulo, o workshop com o objetivo de analisar temas estratégicos para a gestão publica. O evento teve como tema a “Crise Econômica e Impactos Setoriais: Situação Atual e Perspectivas”.
O gerente de economia e pesquisa da Abras, Flávio Tayra, durante palestra na Fundap
A Abras participou do painel “Impactos Setoriais”, que também contou com a presença dos representantes da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) e da Abimaq (Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos). Como os números do PIB do primeiro trimestre de 2009, divulgados na semana passada pelo IBGE já apontaram, o consumo continua contribuindo fortemente para a estabilidade econômica do País, nesses primeiros meses do ano.
O gerente de economia e pesquisa da Abras, Flávio Tayra, apresentou dados do setor supermercadista que fechou o ano de 2008 com faturamento nominal de R$158,5 bilhões (crescimento real de 10,5% e o nominal de 16,7%). Isso corresponde a 5,5% do PIB. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2009, em comparação com o mesmo período do ano passado, o setor apresenta alta real é de 5,70%.
Segundo Tayra, o setor do autosserviço, que corresponde por 75% do abastecimento de alimentos e bebidas é influenciado fundamentalmente pelo nível de emprego e renda na economia. “Apesar da crise, do aumento do desemprego nos primeiros meses 2009, o IBGE mostra que ainda existe um incremento de massa salarial no período. E isso vem sustentando as vendas dos supermercados” afirmou.
Os números positivos da Abras ficaram solitários no painel. Os representantes da Associação Brasileira da Indústria Química e da Abimaq mostraram que os setores sofreram fortemente os impactos negativos por conta da crise financeira. Dados da Abimaq mostram que o faturamento nominal de máquinas e equipamentos em abril 2009 foi de R$ 4,72 bilhões, queda de 17,2% sobre março deste ano. Quando comparado a abril do ano passado a queda foi de 25,0%. As maiores quedas aconteceram no setor de máquinas para madeira (-63,6), máquinas para ferramentas (-56,3), máquinas para têxteis (-47,6) e máquinas agrícolas (-46,9). “O segmento de máquinas está sofrendo um processo de desindustrialização. Por conta da carga tributária e do dólar, os fabricantes estão importando maquinário de outros países. De janeiro a abril desse ano a importação de maquinário cresceu 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado” destacou o diretor executivo da Abimaq, João Alfredo Delgado.
Na indústria química a queda do primeiro bimestre de 2009 foi de 19,8%. O preço dos produtos químicos deflacionados (pelo dólar) caiu 34,1%. “Algumas empresas reduziram carga e outras realizaram paradas preventivas para manutenção, com o objetivo de equalizar os níveis de estoques na cadeia, que se elevaram de forma acentuada nos últimos três meses de 2008” disse a diretora técnica de economia e estatística da Abiquim, Fátima Ferreira.
Mesmo com o cenário atual, os representantes das associações acreditam que os números no segundo semestre desse ano possam ser mais positivos. Opinião comum é que não voltaremos a patamar dos dois últimos anos, mas que existe a possibilidade de que no encerramento do ano, os números não sejam tão sombrios como os que foram apresentados no início de 2009.