Por Wagner Hilário
Em coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) anunciou a criação, em parceria com a Casa Bahia Comercial Ltda., da maior empresa brasileira do segmento de bens duráveis. Com nome ainda a ser definido, embora possa preservar a designação Globex — empresa adquirida pelo GPA em junho deste ano e que controla a operação do Ponto Frio —, a nova empresa terá faturamento estimado, para 2009, de R$ 18,1 bilhões.
A nova corporação abarca três bandeiras, Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro, que serão preservadas — ao menos as duas primeiras. “São bandeiras que se destinam a públicos diferentes. A Casas Bahia é voltada para a classe C, D e E; o Ponto Frio, para B e C”, explicou o presidente do Conselho Administrativo do GPA, Abílio Diniz.
Ao todo, serão 1.053 lojas, com em média 1,3 mil m², o que somam quase 1,4 milhões de m² de área de vendas, além de faturamento médio superior a R$ 13,2 mil por m² ao mês. A megaempresa terá 28 centros de distribuição (CD), por volta de 62 mil funcionários, presença em 337 municípios e em 18 Estados — RS, SC, PR, SP, RJ, MG, ES, GO, MS, MT, BA, RN, AL, SE, PE, PB, CE e PI.
“Essa associação contribui para que alcancemos um objetivo em comum entre as empresas envolvidas: queremos estar em todos os Estados do País e, se possível, em todos os municípios. Queremos crescer de forma inteligente e essa associação é sem dúvida um grande passo nesse sentido. Todos, sem exceção, ganhamos com essa nova empresa”, afirmou Diniz.
É importante observar que, além das lojas físicas, as virtuais também foram envolvidas na associação e farão parte da nova empresa.
Participação
Para criar a associação, a Casa Bahia empenhou ativos cujos valores giram em torno de R$ 1,29 bilhão, enquanto o GPA, um pouco mais, R$ 1,35 bilhão, resultando, no fim das contas, numa participação acionária de 51% do GPA e de 49% da Casa Bahia na nova corporação.
Os ativos empenhados pelo GPA foram as empresas Extra Eletro e Ponto Frio. Já a Casa Bahia Comercial Ltda. cedeu ao seu novo empreendimento a marca, a operação das lojas — o que não incluiu a posse dos imóveis — e 25% de sua fábrica de móveis (Bartira), que nos três próximos anos fornecerá exclusivamente à nova empresa e a preço de custo.
Além dos ativos, a nova empresa fica com uma dívida de R$ 950 milhões da Casa Bahia, o que, segundo os dirigentes das empresas associadas, não trará problemas, pois as receitas para quitá-las já estão previstas.
Isso sem contar que a sinergia esperada com a criação do novo empreendimento gire na casa dos R$ 2 bilhões. “Essa é uma previsão conservadora”, informou Diniz. Ou seja, a união das operações deve trazer uma redução de custo para as associadas superior a R$ 2 bilhões.
A operação comercial das empresas via Internet, que também foi integrada, passou por processo diferenciado de partilha, que dá ao Pão de Açúcar participação acionária de 83%, restando à Casa Bahia 17%.
Gestão
Inúmeros detalhes ainda estão por ser acertados, mas no que se refere à gestão da nova companhia, já ficou definido que o conselho administrativo terá nove membros, cinco indicados pelo GPA e quatro, pela Casa Bahia. Apesar de o GPA dispor de mais membros no conselho administrativo, definiu-se também que o presidente será o atual diretor-executivo da Casa Bahia, Michael Klein.
No que se refere à operação propriamente dita, sabe-se também que o CEO (diretor-geral) será Raphael Klein; os vice-presidentes serão Jorge Herzog, pelo Pão de Açúcar, e Roberto Fulcherberger, pela Casa Bahia; e o diretor-financeiro ainda não foi definido, embora já esteja acordado que ele virá do GPA.
“Queremos repetir a fórmula que usamos com o Assai, em que mantivemos a gestão nas mãos dos criadores da marca, agregando o que podíamos agregar em termos de conhecimento. Claro que, neste caso, a proporção é muito maior, a Casas Bahia é muito maior. Mas tenho certeza que será bom a todos. Eles têm uma operação, um sistema de pedidos e de logística impressionante, que poderemos reproduzir para as outras bandeiras”, afirmou Diniz.
“Há muitas lojas vizinhas, que antes concorriam e que agora fazem parte da mesma empresa. Avaliaremos e as transformaremos em uma só. Acredito que haja por volta de cem lojas com essa característica. Essa iniciativa deve levar-nos a ter menos lojas. Em compensação, serão lojas bem maiores”, diz Michael Klein.
Tamanho novo
O Grupo Pão de Açúcar, que sempre esteve entre as maiores empresas de varejo do País, por ter 51% das ações da nova companhia, declarará o faturamento da megacorporação em seu balanço. Desta forma, sua receita deve chegar a R$ 40 bilhões, sendo de longe a maior varejista do Brasil.
Com a associação, se forem consideradas as unidades supermercadistas, os hipermercados, os postos de combustível, as farmácias, o Grupo Pão de Açúcar passa a ter 1.807 lojas e 137 mil colaboradores.