"Atacarejo" dominará fusões no próximo ano

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Depois de dois anos intensos de fusões e aquisições no varejo brasileiro, como a Casas Bahia e o Ponto Frio que se uniram ao Grupo Pão de Açúcar, além das recentes Prezunic e GBarbosa adquiridas pelos chilenos da Cencosud, fora a compra das Lojas do Baú pelo Magazine Luiza, a perspectiva para 2012 é manter o pé no acelerador com outra onda de aquisições, principalmente no setor supermercadista. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, o "atacarejo" deve ser a aposta para 2012 nesse sentido, onde haverá ainda mais consolidação do segmento.

De olho nas tendências para o ano que vem, o setor supermercadista, que registrou aumento de 3,92% no acumulado dos dez meses de 2011 em comparação ao mesmo período do ano passado, mira no crescimento das redes que apostam na classe C e se atenta para a movimentação no mercado de redes mais novas que ainda não lideram o ranking, como a Cencosud. Segundo o executivo, por mais que o ranking do setor já tenha suas líderes, o Brasil tem empresas que deverão despontar das demais por basear seu crescimento em aquisições.

"Existe a possibilidade de grandes empresas de "atacarejo" também terem suas fusões e aquisições, mas essa não tem sido a estratégia adotada pelas líderes, ultimamente. Uma empresa que podemos destacar, pelo apetite e crescimento em base nas novas aquisições é a Cencosud", diz o presidente. A varejista chilena, que chegou em 2007 no Brasil com a compra da sergipana GBarbosa, comprou recentemente a rede fluminense de supermercados Prezunic com aportes de R$ 875 milhões.

Segundo a rede, do montante, 189,3 milhões são referentes à dividas e R$ 390,7 milhões serão pagos na assinatura do acordo. A aquisição garante a entrada da varejista no Rio de Janeiro. A Prezunic tem 31 supermercados e um centro de distribuição, faturou 2,45 bilhões no ano passado e espera fechar 2011 com 2,6 bilhões. Além disso, as perspectivas apontam que em 2012 o ritmo de crescimento do volume de vendas nos supermercados deverá ser mais positivo em termos de quantidade de produtos comercializados nos autosserviços.

A expectativa de Honda é que o volume das vendas cresça, ao menos, 3% no ano que vem. Medidas como a redução dos juros desde o mês de agosto, promovida pelo Banco Central, e o aumento do salário mínimo, movimentando R$ 60 bilhões no País, devem refletir no aumento das vendas em 2012, principalmente na região nordeste. O presidente também destaca as redes do setor que são voltadas para a classe C. "A maior oportunidade de crescimento serão destas redes, lojas pequenas voltadas ao público A e B tem dificuldades de registrar crescimento e buscam sofisticação, com mais renda, as classes C e D ampliam a cesta de consumo", diz.

Honda relaciona algumas redes com este perfil, como os supermercados Guanabara (RJ), Mundial (RJ), Condor (PR), Koch (SC) e Unidão (RS). Para ele, 2012 também deverá ser bom para o varejo supermercadista que apostar no nordeste. A região é vista como grande incentivador de investimento e vendas no País, pela densidade demográfica e a injeção do salário mínimo, com aumento de aproximadamente 14%, além de concentrar boa parte da classe emergente que vem adquirindo poder de consumo.

"A grande concentração de pessoas que recebem o salário mínimo, além de seguir o fluxo do País no aumento do poder aquisitivo, que consequentemente muda o comportamento dessa população, são pontos que fazem diferença para que a região seja o destaque para o ano que vem", afirma o presidente .

Outro termômetro apontado pelo presidente da Abras que reforça a tendência de crescimento no nordeste é o vinho, categoria que registrou 35,7% de crescimento em 2011 em todo o varejo de supermercados. "Esse crescimento explosivo reflete no aumento de renda da população. Hoje você tem ofertas de vinho de todas as qualidades, em quaisquer faixas de preços, e no nordeste não é diferente, por mais que o clima seja quente. Na Espanha também faz calor e é um dos países mais tradicionais na cultura e cultivo do vinho", afirma.

Importados nas gôndolas

Com relação a tendência da entrada dos importados na gôndola dos supermercados, o presidente afirma que deverá ser baixa ou manter, uma vez que os importados já tem grande penetração no comércio brasileiro. Ele, porém, destaca que algumas categorias alimentares, como a azeitona e os embutidos, e o setor de brinquedos e bazar, predominantemente vindos da China, devem ser os itens que puxarão a alta dos importados para o ano que vem.

Na evolução das lojas do setor, o executivo indica o aumento do formato de operações de pequeno varejo como fonte de investimento das redes em 2012. "Aos poucos as redes percebem que o consumidor começa a preferir esses formatos por não precisar se deslocar muito e pelo fato de a variação de preços não ser tão significativa quanto a das grandes lojas", explica.

De acordo com Honda, as lojas de 1 a 4 caixas registradoras (check-outs) viram 34,8% de impacto no faturamento total do setor, contribuindo também para que haja formalização no setor, pois a instalação de sistemas de pagamento, como de cartões de crédito e débito, estimulam o empreendedor a regularizar o comércio. "Nos últimos 5 anos, o brasileiro não tem mais tanto medo da inflação, o que favorece a reposição e o varejo de pequeno porte, porque o consumidor perdeu o hábito de ter estoque em casa", diz.

Sem estoque

Perder o hábito de fazer estoque também funciona para as varejistas, na intenção de impulsionar as vendas de fim de ano, as lojas do Wallmart Brasil abriram as portas desde às seis horas da manhã de hoje, para uma ação chamada "Mega Dia". A ação deve atingir as lojas do Walmart, Bom Preço e BIG, num total de 123 pontos. A meta de rede é dobrar a venda das lojas em comparação a um dia normal, sem a iniciativa promocional. Alguns itens terão redução no preço de até 70%.

Veículo: DCI


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