As vendas dos supermercados, descontada a inflação, recuaram 0,09% em julho em relação a igual mês de 2011. O resultado surpreendeu a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). "Julho foi um mês atípico", diz o superintendente da Abras, Tiaraju Pires.
A Abras já esperava uma desaceleração nas venda, mas não um resultado negativo. Para ele, o desempenho é explicado por vários fatores. O primeiro é que a base de 2011 é alta. O avanço em julho do ano passado, sobre 2010, foi de 4,75%. A inflação de alguns produtos da cesta básica foi significativa durante o ano; chegou a 4,19%, enquanto o IPCA cresceu 2,76%.
Com os preços mais salgados, caíram os volumes de vendas desses alimentos, diz Pires. O aumento da inadimplência também pesou. Parte da renda do consumidor está agora voltada para pagar dívidas.
Uma das medidas que poderia acelerar as vendas é a desoneração de alimentos da cesta básica, diz Pires. Segundo ele, a MP 563 "está na mesa da presidenta (Dilma Rousseff), só falta assinar". Dos 22 alimentos que fazem parte da cesta básica, diz ele, somente 11 têm isenção de PIS/Cofins. O pleito da Abras é para que os outros 11 produtos também sejam isentos desses tributos. "Se tirasse o PIS/Cofins desses 11 itens, teríamos uma redução de 6% no preço de venda da cesta básica. Isso ajudaria bastante no combate à inflação."
O executivo diz que, em reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no dia 15 deste mês, a Abras mostrou os efeitos que a desoneração teria no consumo de famílias com até dois salários mínimos. "O impacto é grande."
Ontem, associações de diversos setores do varejo, inclusive a Abras, se reuniram com o ministro em Brasília
No acumulado do ano, o avanço das vendas dos supermercados foi de 5,8%, em relação aos sete primeiros meses de 2011. A previsão da entidade é que as vendas terminem o ano 5% maiores do que em 2011. Ou seja, a expectativa é que as vendas continuem crescendo, mas em ritmo menor do que nos meses anteriores.
Veículo: Valor Econômico