Depois da salvaguarda, o desafio é aumentar o consumo de vinho no Brasil

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Conforme antecipado na última sexta-feira (19), as associações ligadas à produção e à venda de vinhos anunciam medidas para incentivar o consumo de brancos e tintos no País e tiram, de vez, a salvaguarda da pauta

 

Por Suzana Barelli

 

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Carlos Paviani, da Ibravin: a meta é aumentar o consumo de vinho 1,9 litro por habitante por ano para 2,5 litros
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Marcio Milan, vice-presidente Abras, foi uma peça importante para o acordo de cooperação do setor do vinho
O relógio passava das 11h30 nesta segunda-feira (22), quando Carlos Raimundo Paviani, diretor executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), afirmou, com todas as letras, que as associações de produtores brasileiros estavam retirando o pedido de salvaguarda para o vinho nacional junto ao Decom, o Departamento de Defesa Comercial, do Ministério do Desenvolvimento. O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa convocada para divulgar o acordo de cooperação em pró do aumento da venda e do consumo de vinhos, assinado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), pelas duas associações dos importadores de vinho (Abrabe e ABBA), de um lado, e pelas quatro entidades brasileiras - Ibravin, Uvibra, Fecovinho, Sindivinho - ligadas à produção de vinho brasileiro. Em março deste ano, essas associações haviam entrado com o pedido de salvaguarda para proteger o vinho nacional do importado junto ao governo federal.


Com o anúncio, sai de cena definitivamente a salvaguarda e entra a cooperação entre produtores, importadores e supermercadistas, como antecipou este blog na última sexta-feira (19). Primeiro, todas as partes envolvidas neste acordo se comprometem a agir para elevar para 27 milhões de litros o consumo de vinhos finos brasileiros já em 2013. O volume deve ser aumentado paulatinamente até chegar aos 40 milhões de litros em 2016. A meta é ambiciosa - a previsão é que neste ano sejam consumidos 19 milhões de litros de vinhos finos nacionais.


Para chegar a esse número, os supermercados terão um papel fundamental. Hoje, a estimativa de Márcio Milan, vice-presidente da Abras e um dos responsáveis por costurar o acordo, os supermercados são responsáveis por cerca de 70% das vendas dos vinhos brasileiros. Pelo acordo, os supermercados se comprometem a aumentar a sua porcentagem de rótulos nacionais em suas gôndolas, chegando a 25% das garrafas de vinho. Nos demais estabelecimentos varejistas, essa porcentagem deve chegar a 15%. Parcerias entre vinícolas nacionais e importadoras também devem ajudar a aumentar a distribuição e a venda dos rótulos brasileiros. Orlando Rodrigues, vice-presidente da ABBA, adianta que sua importadora, a Premium, negocia para trabalhar com uma vinícola de Santa Catarina. E a Premium não é a única importadora com essa proposta.


Ao lado das ações para o aumento do consumo - muitas delas ainda serão definidas em reuniões entre as associações - supermercados e importadores se comprometem a não trazer vinhos finos a preços considerados aviltantes. Aqui, não há, ao menos por enquanto, uma definição de qual seja este valor mínimo.


Essas ações (e outras mais) têm a meta de aumentar o consumo de vinhos dos atuais 1,9 litro por habitante por ano para 2,5 litros até 2016. Juntos, todas as associações falam em pleitear, junto ao governo, a diminuição de impostos - uma reivindicação é reduzir de 25% para 18% o ICMS dos vinhos no Estado de São Paulo, o principal mercado consumidor. Henrique Benedetti, presidente da Uvibra, diz que os produtores também estão negociando propostas para a securitização das dívidas agrícolas, e acesso a linhas de crédito do BNDES para capital de giro.


São ações não previstas no acordo, mas que devem ajudar o setor. Uma delas já foi anunciada pelo governo na semana passada, que foi o programa de escoamento da produção de vinhos finos e de mesa pela exportação a granel. "Isso deve diminuir o estoque das vinícolas e deixar espaço para recebermos a próxima safra", afirma Benedetti. As associações de produtores, ainda, mantém a promessa de investir R$ 200 milhões para a melhoria da qualidade do vinho brasileiro, conforme previsto no pedido de salvaguarda.


O acordo vem sendo negociado desde maio deste ano e acompanhado de perto pelo governo. Ganhou força quando a análise técnica do processo definiu que não havia motivos para implementar a salvaguarda para os vinhos nacionais e sofrer todas as retaliações dos países produtores de vinho. Mas durante todo este período havia o temor, dos importadores e dos supermercadistas, que a salvaguarda fosse implementada por razões políticas. Com o acordo divulgado nesta segunda-feira (22), o setor do vinho comemora com espumante - nacional, de preferência.


Leia mais no blog da Suzana Barelli.

 

Fonte: Istoé Dinheiro

 


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