A valorização de 25% do dólar, que passou do patamar de R$ 1,60 para mais de R$ 2,10 do ano passado para cá impactará negativamente as vendas de produtos importados no setor supermercadista neste final de ano.
Enquanto em 2011 a venda de artigos importados em geral cresceu 14%, este ano o índice ficará na metade, estimado em 7,1%. A informação foi apontada na pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Mesmo com a retirada da salvaguarda para os vinhos internacionais anunciada pelas entidades que representam os players produtores desse setor neste mês, a perspectiva é que as vendas tenham incremento de 8,6% este ano frente aos 12,2% do ano passado. Outro nicho que será impactado é o de frutas especiais importadas (frutas secas, como nozes e amêndoas). Enquanto em 2011 as vendas tiveram incremento de 12,9%, este ano o crescimento está estimado em 11,1%.
Segundo Tiaraju Pires, superintendente da Abras, esse cenário mais complicado dos produtos oriundos de outros países já era esperado. "Com a desvalorização do real frente ao dólar, este ano já era esperado o crescimento menor do volume de artigos importados", comentou Pires.
Ainda segundo o especialista da entidade, a alta dos custos da importação para os players do setor, fará com que os preços fiquem relativamente mais altos nas gôndolas, o que impacta a venda.
"Pode até ser que não fique mais caro ao consumidor, mas, se isso ocorrer, com um consumidor mais seletivo devido a outros fatores, faz com que o índice de vendas tenha sinalizado essa movimentação de queda", enfatizou ele.
O indicador desacelerado não reduziu as expectativas da bandeira Pão de Açúcar. Em nota a empresa afirmou que: "Em decorrência do grande volume adquirido e pela negociação realizada com grande antecipação e de forma direta com os fornecedores, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) tem conseguido acordos sobre produtos importados de vários setores, fazendo com que a alta do dólar não seja repassada ao consumidor".
A rede afirmou também que artigos como bacalhau, por exemplo, chegam ao consumidor com o mesmo preço do ano passado. A expectativa é que a vendas desse item seja 15% maior para o produto seco e salgado e 25% para dessalgado congelado na comparação com 2011.
Anteriormente a rede já havia afirmado que disponibilizaria uma cartela 15% maior de rótulos de vinhos, se comparada à do ano anterior, e apostaria justamente nos produtos importados para atrair a atenção do consumidor a fim de conseguir crescer em 10% as vendas desse artigo na bandeira Pão de Açúcar.
Mas mesmo com a queda nesse nicho específico é esperado que as vendas de produtos típicos de Natal deste final de ano sejam 14,4%, mesmo esse otimismo sendo menor que o apontado no ano passado, quando os empresários do setor esperavam crescimento na casa de 15,6%.
Estoques
Ainda segundo a Abras, os estoques estão reforçados para as vendas de Natal, com exceção dos congelados: pernil e lombo. Os produtos mencionados tiveram queda das encomendas de 0,5% e 0,2% respectivamente. Já os produtos com procura maior por parte das redes supermercadistas foram: peixes congelados com 19,7%; cerveja com 18,9% e refrigerante com 18,5%.
Esses dados, segundo a Abras, apontam uma mudança no hábito do consumidor, em especial na inserção de peixes nas suas refeições. A pesquisa apontou o fato de que 44,8% dos empresários que atuam no setor preveem aumento do volume de compras junto à indústria para suprir a demanda de final de ano.
Venda mensal
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou também sua sondagem mensal de vendas reais. O setor teve incremento de 4,91% em suas vendas em setembro, na comparação com o igual período de 2011.
Em relação ao mês anterior (agosto), o aumento foi de 0,21%, e no acumulado do ano, os supermercados apontam vendas 5,5% maiores que no ano passado.
Segundo Tiaraju Pires, superintendente da Abras, os resultados são reflexos da menor taxa de endividamento do consumidor e do maior poder aquisitivo da população brasileira.
Em valores nominais, o Índice de Vendas Abras obteve crescimento de 10,5% no mês de setembro, na comparação com o mesmo mês de 2011. Sobre agosto deste ano, o indicador foi maior em 0,79%. No acumulado nominal o incremento frente ao mesmo período do ano anterior foi de 11,14%.
Novos produtos tiveram aumento de seu preço. Os itens com maiores altas em setembro na comparação com agosto foram: batata, com preço 29,78% maior, cebola, com 23,40%, e farinha de mandioca, com 12,91%. Já o tomate apresentou queda.
Veículo: DCI