O hábito do consumidor de cada vez mais buscar lojas de vizinhança tem mudado o panorama do setor supermercadista, tanto que lojas de até 20 caixas se destacaram no ano passado, e devem impulsionar o aumento projetado de 3,5% das vendas neste ano. O Minimercado Extra, do Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, terá 500 novas unidades somente em 2013.
Naquele que é considerado o setor que menos sofre com os efeitos da restrição de crédito e da taxa cambial, os supermercados fecharam 2012 com crescimento de 5,30% de suas vendas, ante 2011, conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Para a entidade, o índice superou as expectativas e é o maior desde 2009, quando as vendas foram 5,51% maiores, no acumulado de doze meses. Segundo Fernando Yamada, presidente da entidade, esse patamar é considerado positivo. "O setor conseguirá manter esse ritmo neste ano e em 2014."
Minimercado conquista consumidor
O setor supermercadista começa a sentir as mudanças no hábito do consumidor, cada vez mais em busca de praticidade, tanto que as operações de pequeno porte - conhecidas como mercado de proximidade - se destacaram ao longo do ano passado, e ajudaram de forma positiva as vendas do setor. O segmento deve, aliás, impulsionar o aumento de 3,5% nas vendas deste ano.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) identificou que as redes que têm de um a quatro caixas (check-outs), consideradas de pequeno porte, tiveram crescimento de 1,2% de seu volume de venda, frente a queda de 3% das operações de cinco a nove check-outs, e de 1,7% das lojas que possuem mais de 20 caixas.
Mas, mesmo com o bom desempenho deste formato, o autosserviço apontou ligeira queda, de 0,6% em seu volume, conforme apontou o Índice Nacional de Volume, apresentado pela entidade, ontem.
Segundo Flávio Tayra, economista da Abras, o bom desempenho dessas operações deve-se ao fato de elas conseguirem agregar em espaços pequenos todas as necessidades de seus consumidores. "Eles conseguem perceber de forma mais específica as necessidades dos seus clientes e adequar o mix ofertado", disse.
O economista questionado sobre se isso não acarretaria na "falência" do modelo de hipermercado - que é amplamente utilizado no Brasil -, afirmou que não, mas que as empresas começam a se movimentar para esse novo costume do consumidor. "Hoje não existe mais aquela tendência do consumidor de tirar seu carro da garagem e de deslocar até um hipermercado para fazer uma compra de mês. Eles procuram praticidade e fazem suas compras após o trabalho em mercados de vizinhança e até em mercearias próximas de sua casa" enfatizou Tayra, ao DCI.
Olegário Araújo, diretor de Relacionamento na Nielsen - parceiro das pesquisas da Abras - enfatizou que as operações supermercadistas de médio porte, com 10 a 19 check-outs, também caíram no gosto do brasileiro, e, segundo a entidade, apontaram crescimento de 0,8% em 2012.
O executivo afirmou também que, além da questão clara da praticidade aos consumidores, o aumento da massa salarial - que no ano passado cresceu 14% - faz com que o consumidor procure um espaço onde ele possa ampliar a sua opção de compra e experimentar novos produtos.
"Ao melhorar a renda, esse consumidor qualifica o seu consumo e procura por lojas que tenham um sortimento melhor de produtos."
Atualmente as redes que aderiram a esse formato de proximidade foram o Extra - bandeira pertencente ao Grupo Pão de Açúcar (GPA), como o minimercado e o Dia. Ambos abriam um número significativo de lojas em 2012, e em 2013, o Minimercado Extra tem perspectiva de crescimento acelerado, conforme afirmou anteriormente a rede, em informativo publicado no site do grupo. A meta do grupo é ter 500 novas lojas, dando ênfase à expansão orgânica com destaque ao formato de minimercado.
Balanço
A Abras apurou também que as vendas do setor registraram alta de 5,37% em dezembro na comparação com igual mês de 2011, de acordo com o Índice Nacional de Vendas da entidade. Na comparação mensal com novembro de 2012, o indicador apresentou elevação de 28,71%.
Para o novo presidente da entidade Fernando Yamada, o bom desempenho das vendas deve-se a conjuntura econômica brasileira. Segundo Yamada, o nível baixo de desemprego e o aumento do poder de consumo foram os responsáveis pelo balanço positivo da entidade, além do setor ter apresentado de fevereiro a julho boa movimentação. "[Nesses meses] tivemos um impacto positivo das datas sazonais, como a Páscoa, que para o setor supermercadista é a segunda melhor data em vendas", disse ele.
Em valores nominais, o índice de vendas da Abras apresentou crescimento de 11,03% em 2012 ante 2011. Na comparação do último dezembro com igual mês do ano anterior, a alta foi de 11,59%. Já frente a novembro passado, a expansão em dezembro foi de 29,71%. As perspectivas para 2013 são positivas. O presidente da entidade enfatizou que o setor vive um momento de equilíbrio, com pequena desaceleração.
Veículo: DCI