As vendas reais do setor supermercadista cresceram 5,3% em 2012, na comparação com o ano anterior, segundo informou ontem a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Mas o volume vendido pelos supermercados caiu 0,6% no ano passado - considerando algumas categorias que a consultoria Nielsen avalia ao longo do ano. No ano passado, a inflação pressionou os preços dos produtos da cesta básica. Além disso, o consumidor passou a comprar produtos com maior valor agregado. Essas mudanças refletiram nos resultados de queda no volume e valor vendido maior.
Fernando Yamada, novo presidente da Abras, diz que a queda na quantidade comercializada decorreu da "migração da demanda" - algo já verificado nos últimos anos. Como exemplo, cita a relação entre bolo industrializado e açúcar: o volume vendido do bolo subiu 20,6% no ano, enquanto o açúcar caiu 10,3%.
Apenas em dezembro do ano passado, a alta nas vendas foi de 5,37%, o que ajudou a puxar o índice. No começo de 2012, as projeções feitas pela Abras indicavam aumento em torno de 4% ao longo do ano.
A perspectiva da Abras é que as vendas reais cresçam 3,5% em 2013, taxa inferior a de 2012. "A venda dos supermercados é muito sensível ao efeito renda do trabalhador, mais que a mudança na taxa de juros", disse Flávio Tayra, economista da entidade. Segundo ele, a correção do salário mínimo, para R$ 678 em 2013, será menor que no ano passado e, por isso, as perspectivas de aumento nas vendas também são menores.
Segundo Yamada, a perspectiva para este ano é que a tendência de preços se mantenha estável. "Não há perspectivas de altas fortes [de preço] para 2013 a não ser que haja um imprevisto".
Os supermercados de pequeno porte, de um a quatro caixas, tiveram o maior crescimento em volume de vendas, de 1,2% em 2012. Os estabelecimentos com dez a 19 caixas venderam 0,8% a mais em volume.
O economista Flávio Tayra disse que provavelmente a valorização do dólar não tende a gerar impacto no faturamento do setor neste ano. "Vemos uma acomodação do dólar", disse. De acordo com ele, os produtos vendidos nos supermercados não são tão sensíveis ao câmbio, porque o portfólio de itens importados nas redes costuma ser pequeno dentro da cesta total.
O aumento de 5,30% no faturamento do setor em 2012 foi o melhor desde 2009, quando o crescimento do setor foi de 5,51% e só perde na série histórica para 2008, quando bateu em 8,98% a mais sobre 2007.
O crescimento real so setor supermercadista acima de 5% deve ser uma das maiores taxas de expansão dentro dos segmentos do varejo em 2012. Outros segmentos sentiram o efeito do aumento da inadimplência.
Veículo: Valor Econômico