Os produtos comprados pela redes de supermercados para abastecer as gôndolas para a Páscoa deste ano, em 31 de março, estão mais caros do que nas comemorações do ano passado, informou ontem a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os aumentos de preços destacados pela entidade são: cerveja (8%), refrigerantes (7,8%), ovos de Páscoa (7,6%), peixes (6,3%), chocolates (5,4%), vinho nacional (5%) e bolo Colomba Pascal (4,3%).
Mas os preços mais salgados, segundo a Abras, não vão desestimular o consumidor de ir às compras. A entidade projeta alta de 7,1% nas vendas dos supermercados em relação à Páscoa do ano passado.
O aumento do preço da cerveja é ainda um resquício dos reajustes feitos em 2012, disse Flávio Tayra, economista da Abras. Segundo ele, no ano passado, o preço do produto subiu quase 15%. Apesar do aumento em 2012, as vendas continuaram crescendo na maior varejista do país. O Grupo Pão de Açúcar informou ontem ao Valor que as vendas de cerveja, em valor, aumentaram 13% em janeiro, em relação a igual mês de 2012.
Os ovos de Páscoa ficaram mais caros porque o produto, de acordo com a Abras, está mais elaborado. "O consumidor procura produtos mais sofisticados, e esses itens agregados, como brinquedos e licenciamento de personagens, encarecem o produto", disse Fernando Yamada, presidente da Abras. "É a agregação de inovação e de valor."
Considerando apenas o grupo de produtos importados, o aumento detectado pela pesquisa da Abras neste ano é de 5,7%, após os preços terem ficado estáveis na Páscoa de 2012. Tayra disse que as encomendas dos supermercados foram feitas entre o fim do ano passado e o início deste ano, quando o dólar chegou a R$ 2,15 - hoje está abaixo de R$ 2.
"A perspectiva é que o câmbio se mantenha neste patamar [mais baixo]. Mas, independentemente [do nível do câmbio], a participação dos importados nos supermercados é de 2,5% a 3% da cesta, ou seja, no geral, é pequena", disse o economista.
As vendas dos supermercados devem acelerar a partir de abril, puxadas pelo aquecimento da economia, segundo a Abras. Em janeiro, o avanço real (descontando a inflação) foi de 1,82% em relação ao mesmo mês do ano passado. A Abras estima que a expansão das vendas pode chegar a 3,5% ao longo deste ano na comparação com 2012 - quando o crescimento foi superior a 5%, sobre uma base alta registrada em 2011.
Yamada, presidente da Abras, disse que a partir do segundo trimestre será possível ter uma visão mais ampla de como caminharão as vendas do setor em 2013. "Além das bases de vendas, vamos ter dois índices de volume que vão mostrar quais as categorias que estão crescendo", afirmou, referindo-se ao indicador elaborado pela consultoria Nielsen e divulgado bimestralmente pela Abras.
As projeções da associação se baseiam nos índices de massa salarial, emprego e no orçamento do Bolsa Família. No ano passado, o programa social recebeu repasses de R$ 19 bilhões. A Abras estimava que o Bolsa Família fosse distribuir cerca de R$ 20 bilhões neste ano., mas o governo anunciou na semana passada que destinará R$ 23,2 bilhões ao programa. Esse montante, segundo a Abras, vai estimular o crescimento das vendas e ajudar o setor supermercadista a crescer 3,5% em 2013.
Parte do valor extra será gasta em compras nos supermercados, disse economista Tayra. "De 2008 para cá, as políticas de distribuição de renda tiveram efeitos positivos nas vendas dos supermercados."
Para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, a Abras calcula uma expansão de 3% a 4% em relação a 2012. Essa projeção também reflete nas estimativas de venda da entidade "Acompanhamos de perto os índices macroeconômicos e verificamos que existe uma disponibilidade de renda" do cidadão para investir em compras nos supermercados, disse Tayra.
Veículo: Valor Econômico