Governo espera que em duas semanas os preços caiam nos supermercados
O governo federal espera que o efeito pleno da desoneração da cesta básica anunciada pela presidente Dilma Rousseff chegue ao consumidor em duas semanas, no máximo. O objetivo é que, ainda no fim deste mês, os preços dos itens registrem quedas de 9,25% a 12,25%, como deseja o Palácio do Planalto.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reuniu ontem com empresários dos setores de alimentos e supermercados e ouviu que uma parte da diminuição de impostos chegará hoje aos preços dos produtos. Para a maior parte dos itens da cesta, a queda será de 3%, enquanto carnes e produtos de higiene devem chegar a 6%. Dentro de duas semanas, quando o varejo recompor seus estoques, a redução será integralmente repassada.
"O setor se comprometeu a repassar o mais depressa possível esse corte nos preços. É importante que os produtos mais baratos cheguem às prateleiras dos mercados, porque com isso o consumo vai aumentar, o que é bom para os empresários e para as famílias", disse Mantega, após encontro com dirigentes de associações empresariais.
O ministro da Fazenda admitiu o interesse do governo em reanimar os investimentos do segmento de supermercados. "No ano passado, os investimentos do setor não cresceram muito, então esperamos que essa medida amplie a disposição dos empresários em investir, e que, assim, o setor aumente sua contribuição ao PIB", disse Mantega.
Inflação. A equipe econômica conta também com o impacto direto sobre a inflação. De acordo com Mantega, o Ministério da Fazenda vai acompanhar a evolução do valor dos 16 itens da cesta básica por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "Esta forte queda de preços esperada vai ajudar o governo na luta contra a inflação", disse.
O Estado apurou que o governo trabalha com uma redução de 0,6 ponto porcentual no IPCA por conta da medida. A Fazenda está preocupada com o início de ano salgado registrado pelo IPCA e teme que o Banco Central (BC) volte a elevar a taxa básica de juros para controlar o aumento de preços. Esse movimento pode derrubar o ritmo do crescimento, ainda fraco.
"Continuamos atentos à necessidade de desonerar o setor produtivo e o consumo no País", disse Mantega, que reforçou a meta do governo de renunciar R$ 53 bilhões em receitas neste ano. Parte relevante dessa conta, prevista no Orçamento deste ano (ainda não aprovado no Congresso Nacional), refere-se a medidas já anunciadas. Uma parte menor representa as novas isenções fiscais, das quais os produtos da cesta básica fazem parte. Neste ano, a União deve deixar de arrecadar R$ 5,5 bilhões com a medida, e a partir de 2014, a estimativa é de R$ 7,4 bilhões.
Mobilizados. Segundo Fernando Yamada, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), todos os estabelecimentos já "estão sendo mobilizados" para repassar o mais rapidamente ao consumidor os preços mais baixos.
"Se Deus quiser, amanhã (hoje) teremos uma queda de 3% para os itens tradicionais, como arroz e feijão, e 6% para carnes e produtos de higiene, como sabonete e pasta de dente.
Dentro de uma semana ou duas, teremos a redução pedida por Dilma", disse Yamada, após a reunião no Ministério da Fazenda. / JOÃO VILLAVERDE, RENATA VERÍSSIMO, CÉLIA FROUFE e ANNE WARTH
Veículo: O Estado de S.Paulo