As vendas nos supermercados brasileiros reagiram em março, beneficiadas pela comemoração da Páscoa, a segunda melhor data para o segmento depois do Natal. As vendas registraram aumento real de 19,26% frente a fevereiro deste ano e alta de 9,65% em relação a março de 2012 – os dados foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desempenho dos supermercados, extremamente positivo, não deve se repetir em abril, pois a tendência é de acomodação nas vendas, já que o consumidor teve seu poder aquisitivo reduzido em razão da recente alta na inflação, avalia a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Segundo ainda o estudo divulgado ontem, o acumulado nominal registrou aumento de 10,17% nas vendas neste ano.
O economista da entidade, Flávio Tayra, lembrou que o calendário colaborou para o resultado positivo de março, já que a Páscoa foi comemorada no dia 29, o que concentrou as vendas de chocolates e dos alimentos típicos. Em 2012, os benefícios obtido com o aumento dessas vendas dividiu-se entre março e abril. "Para o ano de 2013, se mantidas as condições de manutenção do nível de criação de postos de trabalho e de elevação real dos salários, o segmento espera crescer 3,5% em faturamento", afirmou Tayra.
Cesta básica – Márcio Milan, vice-presidente presidente da Abras, ressaltou a importância da data para o segmento e mencionou, também, que os supermercados em todo o País começam a sentir os efeitos da desoneração da cesta básica, instituída pelo governo federal no dia 8 de março. Para Marco Aurélio Lima, diretor da Unidade de Negócios da GfK, que analisa o Abrasmercado, índice que informa o comportamento da cesta composta de 35 itens de largo consumo, "a desoneração está sendo realizada em algumas categorias, como na carne, por exemplo, e a expectativa é de que outras também tenham seus preços reduzidos em função da medida."
Ele acrescentou que a Abras realiza um trabalho de orientação para que seus associados consigam passar a redução para os clientes.
Cebola – O Abrasmercado, que também é elaborado pelo Departamento de Economia da Abras, terminou março em R$ 355,16, com ligeiro recuo de 0,45% ante o mês anterior e alta de 3,91% no acumulado do ano. Os produtos com maiores altas ante fevereiro, pressionados por fatores sazonais, foram cebola (23,10%), tomate (11,94%) e leite em pó integral (6,17%). As retrações mais expressivas ficaram com carne traseiro (7,34%), açúcar (3,90%) e carne dianteiro (3,70%). As duas modalidades de proteína animal tiveram seus preços reduzidos devido à desoneração da cesta básica.
Por região – Quanto ao desempenho regional, a cesta de maior valor continua a ser a da região Norte, de R$ 417,92 com elevação mensal de 0,45% em razão dos custos de transporte de alimentos industrializados. Em seguida, vem a do Sul, cotada a R$ 379,82, com ligeiro recuo de 0,31%. A do Sudeste terminou março em R$ 340,40, com queda de 0,81%. A do Centro-Oeste fixou-se em R$ 321,86 e registrou a maior queda mensal, de 1,99%. A do Nordeste ficou em R$ 308,39, com ligeiro avanço de 0,17%. Diante destes números, o diretor da GfK, acredita que a expectativa é de que os preços iniciem um processo de acomodação e queda a partir de abril.
Volumes – A Abras divulgou, também, o Índice de Volumes referente ao primeiro bimestre deste ano, que avalia 130 categorias de produtos industrializados. Nele, houve recuo de 1,6% ante o último bimestre de 2012.
Os itens com desempenho positivo foram bebidas alcóolicas (1,5%) e itens de limpeza caseira (3,1%). Os recuos em volume no mesmo período foram higiene e beleza (3,5%), mercearia doce (3,1%), mercearia salgada (3%) e perecíveis (1,9%).
Veículo: Diário do Comércio - SP