Segundo a linha do cenário econômico deste ano, o varejo espera um crescimento moderado na venda de alimentos para o final de ano. A leve melhora do setor nos últimos meses anima os empresários, mas o resultado deve ser menos expressivo do que no ano passado. Para alavancar as vendas, redes grandes e médias se apoiam em produtos marca própria e importação direta, sem empresas intermediárias.
É o caso da rede Super Muffato, pertencente ao Grupo Muffato. Segundo o gerente comercial da companhia, Adilson Corrêa, apesar da conjuntura econômica, os resultados serão positivos. "Não teremos retração. Vamos apostar nas vendas de final de ano, embora a aposta tenha sido maior no ano passado. Nas categorias sazonais devemos crescer 10%, e devemos aumentar os estoques na mesma medida."
O empresário destaca a força dos itens sazonais, mas informa que alguns ainda não foram adquiridos devido a entraves com o setor industrial. "Não compramos algumas categorias, como aves, porque ainda vamos começar a negociação com a indústria", aponta Corrêa. "Já outros produtos, como panetones, devem ter acréscimo de até 40%. Isso porque antecipamos as compras. Acreditamos muito em lançamentos e em marcas próprias, e já estamos vendendo este item desde o mês passado."
O Super Muffato possuirá 41 lojas até o final do ano, incluindo a inauguração da unidade de Araçatuba (SP), a ocorrer no mês que vem. Segundo o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a rede é a maior do estado do Paraná em faturamento - equivalente a R$ 2,77 bilhões em 2012 - e a sexta maior do País.
A oscilação cambial, que tanto afligiu o varejo ao longo do ano, pode atrapalhar as vendas, mas não deve decidir o sucesso ou fracasso das mesmas. "Compramos importados com bastante antecedência, então não tem como puxar o freio de mão agora. Devemos ter margem de rentabilidade menor para não repassar integralmente a alta do dólar ao cliente", ressalta o gerente comercial do Grupo Muffato. Os principais produtos afetados são vinhos e bebidas oriundas de outros países , além da linha de presentes, como louças e panelas, compradas em grande parte da China.
A Casa Santa Luzia, focada no público A e B, possui expectativas ainda mais moderadas para as vendas de final de ano, que representam 20% do total comercializado no ano. Localizada na região dos Jardins, em São Paulo (SP), a loja oferece uma variedade grande de importados, fato que afeta as vendas e rentabilidade.
"Fazemos os pedidos de importação em maio. Tendo em vista a oscilação cambial, projetamos vender exatamente a mesma coisa que o ano passado", afirma o diretor da Casa Santa Luzia, Jorge Lopes. "Apenas o e-commerce deve ter uma representatividade maior esse ano em comparação a 2012." A expectativa é que as vendas on-line de cestas de Natal, por exemplo, cheguem a 8% este ano.
Grandes varejistas
Com volume de vendas maior, as líderes do setor supermercadista esperam um acréscimo superior ao de empresas de pequeno e médio porte. Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Walmart já iniciaram a venda de produtos natalinos em suas lojas.
As bandeiras Pão de Açúcar e Extra, por exemplo, aguardam um crescimento de 20% nas vendas de panetones de fabricação própria este ano na comparação com 2012. O item é uma das principais apostas da companhia para este ano. Os panetones fornecidos por outras companhias devem ter aumento de 11%.
Produtos importados também terão variação positiva. O GPA espera aumentar em 25% as vendas de vinhos ante 2012, com foco na marca própria Club des Sommeliers e em rótulos importados diretamente pela empresa, o que permite preços reduzidos, com a maior venda das garrafas que custam entre R$ 16 e R$ 29. Já a comercialização das 2900 toneladas de bacalhau encomendadas deve aumentar em 10% para o produto seco e salgado, e 26% para o dessalgado congelado.
O Walmart também focar principalmente na venda de produtos marca própria. Segundo o diretor de marcas próprias da empresa, Antônio Sá, a ação é parte importante da estratégia para o final de ano. "Para o Walmart Brasil o investimento nas nossas próprias marcas é estratégico, já que consideramos uma oportunidade para agregar valor ao negócio, pois podemos oferecer itens exclusivos com qualidade e preços mais baixos ao consumidor. Trata-se de uma eficiente ferramenta de fidelização de clientes."
O grupo estima um crescimento de 20% nas vendas totais de produtos marca própria. Um dos destaques é o lançamento de 15 novos itens dessa categoria, como frutas secas importadas diretamente e panetones até 35% mais baratos que as marcas líderes, segundo a varejista. A estimativa é um acréscimo de 10% na venda de carnes, como aves e tênder, e também de panetones.
Veículo: DCI