Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Mariana Meirelles
A educação da população no combate ao uso indiscriminado das sacolas plásticas foi consenso entre os participantes da audiência pública realizada ontem (3/11) na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Participaram do debate representantes do setor de supermercados, da indústria de plásticos e do Ministério do Meio Ambiente, entre outros. Representante do Comitê de Sustentabilidade da ABRASs, Camila Valverde. Fotos: Lúcio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
A comissão analisa várias propostas (PL 612/07 e outros) que sugerem medidas para evitar a poluição causada pelas sacolas, como a utilização de material oxibiodegradável, cobrança pelas sacolas e incentivos aos consumidores que optarem por carrinhos de feira ou sacolas retornáveis.
A secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Mariana Meirelles, afirmou que a solução para o consumo consciente passa por vários caminhos. Além da educação ambiental, incluindo aí a coleta seletiva, ela destacou a adoção de uma legislação adequada e um desestímulo financeiro pelo uso das sacolas. "Pode ser um desconto para aquele que não pega a sacolinha. Ou a cobrança para aquele que usa", declarou.
Supermercados
Representantes do varejo e dos fabricantes das sacolas plásticas também defenderam o combate ao uso indiscriminado da embalagem e a adoção de uma legislação nacional, como forma de evitar insegurança jurídica. Eles não querem, no entanto, uma legislação muito detalhada em termos técnicos, já que a tecnologia avança rapidamente e a lei ficaria defasada.
"Impor uma determinada tecnologia ou especificidade representa um retrocesso enorme no processo de conscientização do consumidor e prejudica as metas estipuladas pelo próprio governo de redução do consumo de sacolas", disse a representante do Comitê de Sustentabilidade da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Camila Valverde.
"O varejo não pode ser obrigado a distribuir um produto gratuitamente. Nossa sugestão e recomendação seria a criação de um instrumento legal que fosse efetivo na redução da distribuição indiscriminada das sacolas plásticas", declarou a representante da ABRAS.
Fabricantes de embalagens
O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF), Alfredo Schmitt, discordou do uso de material biodegradável ou sacolas reutilizáveis. Ele disse que o setor defende a reciclagem e o consumo consciente, mas alertou que os produtos biodegradáveis têm apenas um único fabricante no mundo, na Alemanha, o que torna o produto caro e inviável. Ele enfatizou também que muitas sacolas reutilizáveis são fabricadas na China e no Vietnã, com suspeita de trabalho escravo.
Schmitt destacou ainda que o brasileiro rejeita soluções que pesem no orçamento familiar. "A sociedade, como um todo, rejeita qualquer coisa que represente ônus para o próprio bolso", afirmou.
Novas audiências
Segundo o deputado Paulo César (PR-RJ), um dos autores do requerimento para a audiência de terça (3/11), as sacolas plásticas serão discutidas em novos encontros. Ele observou que as sugestões são importantes para a comissão concluir os relatórios dos projetos em análise e adiantou que medidas radicais, como a total proibição das sacolas plásticas devem ser descartadas.
O debate também foi solicitado pelo relator dos projetos, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
Foram convidados para o debate:
· Secretária de articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente Mariana Meirelles;
· Especialista em Políticas de Indústria da Gerência-Executiva de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Wanderley Coelho Baptista;
· Representante do Comitê de Sustentabilidade da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Camila Valverde;
· Diretor-adjunto da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF), Alfredo Schmitt;
· Presidente do Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), Carlos Parente;
· Gerente do Grupo de Embalagens Plásticas e Meio Ambiente do Centro de Tecnologia de Embalagem (CETEA), Eloísa Garcia;
· Diretor da TIV Plásticos Ltda, Tamas Istvan Vero;
· Consultor de Embalagens da TAPPI/EUA, Antonio Andrade de Paula;
· Presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho (RJ), Sebastião Santos.
· Assessora Especial de Gestão das Representações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Cristiane Soares.
Fonte: Câmara dos Deputados/Portal ABRAS