Troca de marca e até eliminação de alguns itens na lista de compras estão entre as alternativas adotadas pelas famílias
O aumento nos preços de bens e serviços tem sido percebido não só pelas famílias cuja renda é de um salário mínimo como também pelas de maior poder aquisitivo em São José.
Nos últimos 12 meses, a inflação, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), foi a 5,56%.
O INPC calcula a variação de preços de produtos e serviços e reflete o custo de vida das famílias com renda mensal de 1 a 33 salários mínimos.
Preço alto.
Mesmo as famílias da região, que costumam fazer compra nos mercados que atendem às classes A e B, foram afetadas pelo aumento de preços.
"Senti alguma diferença sim. A gente que faz compra percebe que tem subido", disse a funcionária pública federal Ianê Azevedo, de 59 anos.
"Não deixei de comprar, mas troquei de marca sim. A gente sempre procura o que tem preço menor", disse ela, que vai às compras duas vezes por semana.
"Alguns alimentos, produtos de higiene e de limpeza estão mais caros", comentou a administradora Fernanda Fonseca, de 36 anos.
Fernanda tem dois filhos, de 7 e 1 ano, e faz compras uma vez por semana.
O perfil de sua cesta de alimentos inclui lanches para a escola, frutas e laticínios. Como opção para não deixar nada de fora, ela também tem trocado alguns itens.
"Estou procurando substituir os produtos mais caros por similares."
Comprar menos.
Para as famílias dos segmentos C e D, apenas trocar de marca não foi suficiente, foi preciso abrir mão de alguns itens da lista.
"Tenho quatro filhos, faço compra uma vez por mês. Deixei de comprar muita coisa, por exemplo, carne. Compro o básico mesmo", disse a dona de casa Maria Claudete Viana.
"Carne, produtos de limpeza, remédios estão muito caros. O que a presidente deu de salário, não deu para fazer a compra e pagar água, luz, gás."
Cesta básica.
A última pesquisa de cesta básica regional, divulgada pelo Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais), da Unitau, mostrou que o preço da cesta teve alta de 9,45% em relação a 2012, percentual maior do que a inflação anual oficial do país.
Pelos dados, a cesta fechou 2013 valendo R$ 1.136,69 ante os R$ 1.038,53 do ano anterior.
Os 'vilões' no ano passado foram a farinha de mandioca (56,46%), a goiabada (37,93%), a laranja pera (36,04%), a banana nanica (27,7%) e a farinha de trigo (25,96%).
A pesquisa destacou ainda a variação de preço da carne bovina, produto com maior peso na cesta
'Cesta tem grande variação'
De acordo com o econo mista Luiz Carlos Laureano, o que caracteriza a inflação é o aumento sistemático dos preços de todos os produtos.
"O que temos visto hoje em dia, na cesta básica, por exemplo, é a variação de preço. Temos produtos que sobem, mas também que caem de preço. No fundo, a variação é sempre maior, então as pessoas consideram isso inflação. "
"A inflação é considerada um dragão, por isso, os governos adotam medidas consideradas ruins, mas que seguram um pouco o aumento."
Outro exemplo dado pelo economista é o aumento dos preços apresentados na Copa do Mundo, que é pontual e em razão de um evento esportivo no país.
Para o economista, a subida de preços foi compensada pelo aumento do salário mínimo e o consumo foi inibido.
"A taxa Selic (que serve de referência para a cobrança de juros) alta inibe o consumo. As pessoas estão comprando menos por causa dela", disse.
Com base na lei de oferta e da procura, inibiu-se o consumo para que os preços não subissem ainda mais
POR DENTRO
A Inflação
É medida sob diversos índices, como o IGP (Índice Geral de Preços) ou ICV (Índice do Custo de Vida), entre outros. Segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 5,56%. No mês passado, houve aumento de 0,63%
Salário Mínimo
No dia 1º de janeiro, o salário mínimo brasileiro passou de R$678 para R$724.
Vendas
Apesar da alta de preços, as vendas do setor supermercadista no Brasil cresceram5,36% em 2013, segundo o Índice Nacional de Vendas Abras (Associação Brasileira de Supermercados)
Produtos com alta
Ainda segundo a dados da Abras, os produtos com maiores altas em dezembro foram cebola, tomate, farinha de mandioca e frango congelado,
Recuo
Segundo a Kantar Worldpanel, empresa que estuda os hábitos do consumidor, as classes D/E foram as que mais reduziram as idas aos mercados
Veículo: Jornal O Vale