Painel Convenção ABRAS: Chave para medir eficiência operacional pode estar no lixo que sua loja produz

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*Giseli Cabrini

 

 

O painel sobre sustentabilidade, realizado no fim da manhã de ontem, 17 de setembro, durante a 48ª Convenção ABRAS, discutiu o tema da Geração de Riqueza Através dos Resíduos Sólidos. Participaram como palestrantes: o diretor ibérico da ERP (European Recycling Plataform), Ricardo Neto; o diretor global de Desenvolvimento de Negócios da Waste Management, Lawrence Black; o responsável pelo Programa de Sustentabilidade da rede Angeloni, Gilberto Nascimento e o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ney Maranhão.

 

A proposta foi trazer à tona a realidade de outros países no que se refere aos resíduos sólidos e como essas experiências podem servir de base para o Brasil. “O mundo muda, assim como a sociedade. E nós precisamos participar dessa evolução. Esse processo envolve ainda o surgimento de dispositivos legais, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Para entender se estamos fazendo um bom trabalho ao longo de toda a cadeia de abastecimento é importante entender o que está acontecendo na Europa e Estados Unidos”, destacou o moderador do painel durante a abertura, João Galassi, que é presidente do Conselho Deliberativo da APAS.

 

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) brasileira foi instituída por meio da Lei nº 12.305/10 e tem na logística reversa uma das principais ferramentas. Nossa legislação prevê uma série de medidas voltadas à prevenção e à redução na geração de resíduos (que têm valor econômico e podem ser reciclados ou reutilizados). Além de garantir o descarte adequado daqueles que não podem ser devolvidos ao ciclo produtivo, os rejeitos.

 

A legislação da União Europeia (UE) sobre resíduos sólidos e a experiência de logística reversa para produtos pós-consumo eletroeletrônicos adotada pela ERP foram os temas abordados por Ricardo Neto. “A diretiva europeia estabelece a responsabilidade estendida entre fabricante, importador e varejo. Portanto, ela é diferente da legislação brasileira que prevê a responsabilidade compartilhada”. Sobre o trabalho que a ERP desenvolve na área de logística reversa ele destacou a importância do engajamento dos cidadãos, em especial as crianças como agentes multiplicadores, e também de parcerias, entre elas com varejistas locais que oferecem locais para instalação de pontos de coleta desse tipo de material, o que gera tráfego nas lojas e também ganhos de imagem. 

 

Lawrence Black, da Waste Management, chamou a atenção para o fato de que os resíduos gerados por uma empresa constituem um importante indicador da eficiência operacional daquele negócio. E que a partir do monitoramento daquilo que é descartado é possível enxugar gastos e melhorar a gestão do negócio. O executivo também chamou a atenção para o potencial de geração de energia a partir da logística reversa de resíduos orgânicos. Segundo ele, experiências assim já acontecem em hipermercados norte-americanos, que são eletrificados a partir da energia gerada por biodigestores.

 

 Nascimento, do Angeloni, falou sobre a experiência da rede ao aderir ao Programa Supermercado Lixo Zero 2020, da Associação Catarinense de Supermercados (ACATS), lançado em dezembro de 2010. Ele ressaltou que um dos grandes trunfos do modelo adotado pelo Angeloni está no fato de que eles primeiro estão adotando internamente os conceitos de sustentabilidade para só, então, repassá-los a seus consumidores. “É preciso vivenciar a experiência”, afirmou.

 

O executivo destacou ainda a importância do envolvimento dos colaboradores da rede e dos parceiros para o sucesso do projeto que trabalha com o conceito de economia circular, que gera um círculo virtuoso para todos os participantes.

 

Além dos ganhos financeiros, Nascimento chamou a atenção para o lado social do projeto que envolve também entidades que tratam de dependentes químicos. “Eles são capacitados para consertar os equipamentos eletrônicos que são descartados e assim têm uma chance de reinserção social.” O executivo também falou sobre a qualidade do composto orgânico produzido a partir dos resíduos orgânicos gerados pelas lojas. E que, em breve, será implantado um projeto voltado a disponibilizar esse insumo para os clientes da rede Angeloni.

 

O encerramento do debate foi feito pelo representante do Ministério do Meio Ambiente, Ney Maranhão, que abordou pontos técnicos da PNRS. Ele chamou a atenção ainda para o aspecto participativo da legislação brasileira que optou por compartilhar tanto a responsabilidade pelas ações relativas a PNRS e logística reversa quanto sugestões de todos os agentes da sociedade de consumo: poder público, setor privado e consumidores sobre o tema.

 

 

Convenção ABRAS 2014

Data: de 16 a 18 de setembro

Local: Bourbon Convention & Spa Resort – Atibaia –SP (Rodovia Fernão Dias, s/nº, km 37,5 -  Atibaia - SP) www.abras.com.br

 

 

*Giseli Cabrini, especial para a revista SuperHiper, publicação da ABRAS.

 


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