Com unificação das operações nos próximos dois anos, a rede prevê evitar problemas nos custos da companhia, de modo a ampliar a política de preço baixo todo dia, como diz seu próprio slogan

Atibaia - A rede Walmart resolveu dar um passo atrás e vai investir em reorganização dos processos e das unidades em operação nos próximos dois anos. Assim, só a partir de 2016 a companhia voltará a ampliar o número de lojas, incluindo os novos formatos.

"De nada adiantará continuarmos abrindo lojas sem que os processos de gestão sejam únicos", disse de forma enfática o CEO do Walmart, Guilherme Loureiro.

Há cerca de um ano no cargo, o executivo palestrou durante a Convenção Abras, em Atibaia (SP), ontem, e afirmou ter aprendido a entender o varejo supermercadista há pouco tempo. "No ano passado, quando assumi a Walmart, eu ainda pouco entendia do setor. Atuei por muitos anos na outra ponta (na Unilever). Agora consigo entender as reais dificuldades do segmento", comentou.

Matriz

A experiência, aliada ao apoio da matriz, nos Estados Unidos, torna o País local propício a novos investimentos, diz ele. "Uma coisa é você ter uma operação onerosa e que não dá resultados. A outra é ter custos altos, mas com boas possibilidades de retorno", argumenta. Para ele, não é a hora de desistir do País. "Ser aquele otimista bobo não dá. O que temos de fazer agora é entender a crise e enfrentá-la. É a famosa história: ou você chora pela situação ou ganha dinheiro vendendo lenço", enfatizou. O executivo ainda ressaltou ser na adversidade que se conhece a capacidade dos negócios.

Sinergia

Este ano, a rede norte-americana terminará o processo de unificação, que Loureiro denomina de simplificação entre as regiões Sul e Sudeste. "Com a simplificação, ao invés do nosso fornecedor atender a cinco empresas diferentes, ele atenderá apenas ao Walmart".

A respeito da gestão operacional separada, ele disse que a rede era mais lenta na reposição de produtos, na política de precificação, além de que tinha os custos operacionais inflacionados. "Agora, das 160 lojas da Sonae que temos no Sul, 120 delas já estão em sintonia com o Sudeste. Até o final do ano terminaremos as 20 unidades restantes", disse.

Loureiro declarou que o Walmart comprou as lojas da rede portuguesa Sonae em 2005, por R$ 1,7 bilhão. A bandeira levou quase 10 anos para centralizar os pedidos, além da gestão das operações.

Para 2015, a rede iniciará o mesmo processo, só que desta vez na Região Nordeste. "Seremos mais produtivos. Com a integração conseguiremos evitar problemas de precificação, assim como ampliar a política [do slogan] preço baixo todo dia". Ainda a respeito de organizar a casa, Loureiro afirmou também que com a sinergia a companhia conseguiu ampliar a oferta de produtos em suas lojas. "Ampliamos em 30 mil os produtos ofertados nas lojas. Os itens regionais também tiveram papel importante nessa medida", como afirmou o CEO do Walmart.

Custo Brasil

O próximo desafio da rede supermercadista, hoje na terceira posição do ranking do setor no País, atrás de Grupo Pão de Açúcar e Carrefour, será conciliar o aumento de custos e vendas menores. O executivo apontou que em determinado estado (sem mencionar qual), o gasto com energia elétrica cresceu 30% este ano. "O menor otimismo do consumidor é o grande problema. Os brasileiros deixaram de comprar carro, casa, roupa. Agora estão diminuindo os produtos comprados nos supermercados".

Para o CEO, a antecipação das ações de redução de custos e melhoria na performance de vendas podem fazer a diferencia frente a um 2015 tão complexo quando 2014. "Não adianta começar a se movimentar ano que vem. A antecipação fará você estar à frente do concorrente", disse. E completou: "É muito justo os funcionários ganharem mais e terem ajustes salariais acima da inflação. Contudo, se continuarmos ineficientes, uma hora não conseguiremos arcar com tantos custos trabalhistas. Para evitar demissões e pensar em melhoria para os colaboradores, temos de pensar".

Multicanal

O presidente do Walmart no Brasil não descartou explorar o formato Express no País. "Inauguramos essa operação nos EUA e muito do que é feito lá fora dá certo aqui também." A movimentação mais recente da rede foi a diversificação da bandeira Todo Dia. "Esta é a nossa operação de proximidade. De dois anos para cá, abrimos três supermercados Todo Dia, com três mil metros quadrados, e um hipermercado com mais de quatro mil metros quadrados", finalizou.



Veículo: DCI